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O Chamado da Educação: A Trajetória Inspiradora de Maria Leuda 205il

Avó apaixonada, amante da natureza e de estar com as mãos na terra, plantando e colhendo.

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20 de setembro de 2024

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(Glenda Melo/Diário do Estado)

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NOSSA ENTREVISTADA DA SEMANA é uma defensora ferrenha da educação pública, amante da simplicidade, professora querida por seus alunos, mesmo estando fora da sala de aula. Avó apaixonada, amante da natureza e de estar com as mãos na terra, plantando e colhendo. Esposa dedicada, que, junto do seu Severino, construiu família e raízes coxinenses. Durante o triste período da pandemia, conheceu seu lado escritora e se viu diante de mais um desafio em sua vida: aprender e tirar proveito do isolamento. Daí então nasce a obra "Crônicas de uma professora em tempos de pandemia". Nossa conversa desta semana será com a professora e escritora Maria Leuda, 60 anos, casada, mãe de Letícia e Natália, avó de Maitê, Alice e Maria. Vamos conhecer um pouco dessa mulher que não foge de suas lutas.

 

Jornal Diário do Estado: Leuda, vamos começar falando sobre sua história na educação. Como foi a escolha dessa profissão?
Maria Leuda:
Glenda, desde que me entendi por gente, quis ser professora. Era meu sonho desde criança. Ao crescer, isso não mudou, mas meu pai era radicalmente contra. Ele dizia que era uma profissão sem futuro, que as mulheres que escolhiam essa profissão não eram de boa índole. Um pensamento extremamente machista, mas que era comum em muitas famílias naquela época.

Jornal Diário do Estado: E como foi que você dobrou seu pai e seguiu seu sonho na educação?
Maria Leuda:
Não dobrei. Fiz o magistério contra a vontade dele. Me formei em 1983, mas ele não foi à minha formatura. Para ele, era uma afronta o que eu havia feito, em prosseguir em um curso que ele não aprovava. Mas fiz, me realizei na minha escolha e nunca me arrependi.

Jornal Diário do Estado: Após formada, o que aconteceu depois?
Maria Leuda:
Fiz o concurso e ei em primeiro lugar na época. Foi quando minha caminhada na educação começou de fato.

Jornal Diário do Estado: Qual foi a primeira escola onde você lecionou em Coxim?
Maria Leuda:
Foi a escola Clarice Rondon dos Santos. Lá permaneci por 3 anos. Foi meu encontro de fato com as rotinas de uma escola, os prazeres e dificuldades que a educação apresentava.

Jornal Diário do Estado: A educação te moldou em que sentido na vida?
Maria Leuda:
Venho de uma longa linhagem de mulheres aguerridas, que não têm medo de nada. As mulheres da minha família sempre foram o arrimo, a base, a força. Na educação, acredito que também exista isso. Só segue na educação quem tem o chamado, e se você não tiver muita paixão pela educação e por ensinar, você não continua.

Jornal Diário do Estado: Formada e já exercendo o magistério, você então conheceu seu marido, Severino, e começou a construir sua família. Como foi conciliar escolas e vida familiar?
Maria Leuda:
Eu trabalhava 3 períodos, Glenda. Não era fácil, era muito difícil mesmo. Severino e eu namoramos por 5 anos antes de casarmos, e eu sabia que ele seria um grande parceiro de vida. Não poderia ter escolhido melhor. Como eu havia escolhido muito bem meu parceiro de jornada, ele e eu dividíamos os afazeres em casa e com as crianças.

Jornal Diário do Estado: Você é mãe de duas mulheres, ambas casadas e da área da saúde. Você acha que, pelo fato de suas filhas terem acompanhado muito de perto sua luta, isso as ajudou nas escolhas de suas vidas?
Maria Leuda:
Olha, eu tenho certeza disso. Letícia é médica, Natália é dentista. As duas foram alunas de escolas públicas e, através de mim, descobriram o valor da escola pública e que, ao contrário do que falam, a educação pública está em total nível de qualidade de ensino que as escolas privadas. Minhas filhas são crias do ensino público, estão felizes com suas escolhas, não por intermédio do pai ou meu. Hoje elas são profissionais competentes graças aos seus esforços e à qualidade do ensino público.

Jornal Diário do Estado: Falando do ensino público, o que você, como educadora, vê de mudança desde o ano em que você se formou até hoje, mais de 30 anos depois?
Maria Leuda:
Inúmeras coisas. Apesar da catástrofe que assolou o Brasil nos anos de 2018 até 2022, quando vimos a educação sendo tratada com tanto desdém pelo presidente Bolsonaro, com a educação sendo sucateada, um retrocesso total, hoje vemos uma reconstrução sendo feita. As políticas públicas criadas para o fortalecimento da educação prometem colocar a educação no patamar de respeito que ela merece.

Jornal Diário do Estado: Após se aposentar, Leuda, como foi a realidade de não estar mais nas salas de aula?
Maria Leuda:
Eu sempre amei lecionar, estar junto dos meus alunos, ensinar e também aprender com eles. Mas eu sentia a necessidade de descansar, e a sensação de dever cumprido eu já estava sentindo. Portanto, estava pronta para descansar.

Jornal Diário do Estado: E como foi a nova rotina?
Maria Leuda:
A Leuda que ou a cuidar mais de casa, cozinhar, e ir para a fazenda de mudança nasceu. Já era da vontade do marido a ida definitiva para a fazenda. Quando a aposentadoria chegou, nos mudamos para lá e foi lá que descobri o verdadeiro significado da palavra "paz".

Jornal Diário do Estado: O que você ou a fazer na fazenda que não fazia na cidade?
Maria Leuda:
Acordar um pouco mais tarde, plantar frutas, verduras e legumes. Fizemos nosso pomar, nossa hortinha, começamos a criar alguns animais, tudo para nosso consumo mesmo. Foi então que eu descobri esse prazer pela vida no campo. Eu ajudava meu marido com as cercas e outros serviços, porque na roça também tem muito trabalho, viu? Tudo precisa de cuidado, plantas e animais, mas a terra é gentil e nos devolve todos os cuidados. É cansativo, mas prazeroso.

Jornal Diário do Estado: E foi na fazenda que nasceu a ideia de escrever seu livro?
Maria Leuda:
Sim, estávamos na pandemia, no auge da pandemia. Visitas foram proibidas, reuniões entre amigos e familiares, todos nós tivemos que nos isolar de fato. Como estávamos na fazenda, de certa forma já estávamos isolados. Éramos só eu, Severino, o rio, a mata e os animais. Então eu ei a prestar mais atenção nos bichos, na minha rotina, e comecei a pensar que tudo aquilo poderia se tornar um registro. A partir desses registros, eu poderia fazer algumas crônicas de maneira lúdica, usando tudo que eu tinha ali como fonte de inspiração.

Jornal Diário do Estado: Quanto tempo levou para escrever?
Maria Leuda:
Escrevi por 2 anos, e conforme as coisas iam aparecendo, eu começava a publicar no meu Facebook. As pessoas começaram a gostar das histórias e comentar para que eu transformasse tudo em um livro. Foi assim que o livro nasceu.

Jornal Diário do Estado: O livro se chama Crônicas de uma Professora em Tempos de Pandemia. Por que esse título?
Maria Leuda:
Exatamente porque era o momento que estávamos vivendo, a pandemia que nos afastou dos nossos, que nos deixou isolados. Achei que esse tema seria o mais pertinente.

Jornal Diário do Estado: Quantas crônicas você escreveu nesses 2 anos?
Maria Leuda:
60.

Jornal Diário do Estado: Você se surpreendeu com a resposta dos leitores sobre seu livro?
Maria Leuda:
Sim, bastante. Foi tudo muito positivo. Recebi muitas mensagens de parabéns, pessoas dizendo que tal texto remetia à sua vida, à sua experiência, que alguns textos haviam tocado profundamente as pessoas. Foi bastante emocionante receber os relatos de quem havia lido o livro.

Jornal Diário do Estado: Suas inspirações para escrever, quais eram?
Maria Leuda:
Tudo. Natureza, rio, animais, rotina cuidando da fazenda... tudo, de alguma forma, virou história. Talvez por isso as pessoas que leram se identificaram tanto, porque foi tudo muito casual, muito simples, com assuntos do nosso dia a dia.

Jornal Diário do Estado: Você pensa em escrever outro livro?
Maria Leuda:
Sim, mas não para agora. Hoje estou me desdobrando na missão de avó e vivo na estrada. Estou me dedicando 100% ao meu mais novo e principal papel, o de ser avó.

Jornal Diário do Estado: Com toda sua história na educação, existe algo que você veja hoje e que te incomode bastante?
Maria Leuda:
Ah sim, Glenda. Vejo alguns colegas de profissão que estão em escolas públicas trabalhando, sabem da qualidade do nosso ensino, e colocam seus filhos para estudarem na rede privada. Isso pode até ser uma coisa boba, mas acho um desmerecimento do nosso ensino público. Eu, além de tudo, fiz parte do sindicato dos professores em Coxim. Então, para mim, um profissional da educação que está em sala de aula, sabe o quanto as escolas públicas são de qualidade, e mesmo assim coloca seus filhos em escolas particulares, isso não faz sentido.

Jornal Diário do Estado: E hoje, quais seus projetos?
Maria Leuda:
O mais importante de todos os tempos, me mudar de Coxim para poder ficar mais perto das minhas filhas e minhas netas e acabar com essa canseira que é viver na estrada, já estamos nos organizando para isso.

Jornal Diário do Estado: Ser avó hoje é seu maior projeto?
Maria Leuda:
Sim, quero dedicar meu resto de vida para minhas netas.

Jornal Diário do Estado: Leuda, agora é hora do nosso bate-bola, ok?
Maria Leuda:
Vamos lá.

Jornal Diário do Estado: Uma cor?
Maria Leuda:
Azul.

Jornal Diário do Estado: Uma comida?
Maria Leuda:
Churrasco.

Jornal Diário do Estado: Um cheiro?
Maria Leuda:
Das minhas netas.

Jornal Diário do Estado: Uma tristeza?
Maria Leuda:
A distância.

Jornal Diário do Estado: Uma alegria?
Maria Leuda:
Ser avó.

Jornal Diário do Estado: Uma decepção?
Maria Leuda:
Alguma coisa que eu não consiga fazer.

Jornal Diário do Estado: Um dia perfeito é?
Maria Leuda:
Junto das minhas filhas e das minhas netas.

Jornal Diário do Estado: Um lugar?
Maria Leuda:
Petrolina.

Jornal Diário do Estado: O que você acha desprezível?
Maria Leuda:
Falsidade.

Jornal Diário do Estado: Uma palavra?
Maria Leuda:
Fé.

Maria Leuda: Um amor?
Maria Leuda:
Meu marido Severino.

Jornal Diário do Estado: Leuda, gostaríamos que você nos deixasse suas considerações finais.
Maria Leuda:
Gostaria de agradecer a grande oportunidade de poder falar um pouco da minha história e da minha vida na educação, nessa caminhada tão gratificante que Deus me proporcionou até aqui. Obrigada a toda família do Diário do Estado pelo lindo convite, foi um grande prazer. Muito obrigada e que Deus nos abençoe sempre.

Entrevista

A médica, a mãe e a mulher por trás do jaleco: A inspiradora trajetória da psiquiatra Camila Molina 1t631e

Nossa entrevista da semana é com uma mulher que carrega, em cada gesto e palavra, a delicadeza e a força de quem escolheu cuidar da mente e da alma das pessoas. Recebemos com muito...

A médica, a mãe e a mulher por trás do jaleco: A inspiradora trajetória da psiquiatra Camila Molina

6 de junho de 2025

A médica, a mãe e a mulher por trás do jaleco: A inspiradora trajetória da psiquiatra Camila Molina

 

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Nossa entrevista da semana é com uma mulher que carrega, em cada gesto e palavra, a delicadeza e a força de quem escolheu cuidar da mente e da alma das pessoas.
Recebemos com muito carinho a médica Camila Molina Kern, de 37 anos, psiquiatra formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, uma profissional dedicada, que faz da escuta e do acolhimento as bases do seu trabalho.
Mas, além da médica, conhecemos também a mulher, a esposa e a mãe: Camila é casada com o também médico Felipe Gomes Ferreira, com quem construiu uma linda família. Juntos, são pais do Matheus, de 7 anos, e da pequena Maitê, de 3 anos, dois grandes amores que, segundo ela, dão ainda mais sentido à sua missão de cuidar das pessoas.
Hoje, vamos conversar sobre sua trajetória, os desafios e encantos da psiquiatria, e sobre o equilíbrio entre a profissão e a maternidade. Seja muito bem-vinda, doutora Camila é uma alegria ter você conosco!

Diário do Estado: Como a senhora definiria saúde mental e qual a sua importância na vida cotidiana?
Dra. Camila:
Saúde mental é um conjunto de aspectos da vida emocional, social, psicológica que afeta a forma como interpretamos, sentimos e nos comportamos. 

Diário do Estado:  Quais são os principais fatores que influenciam a saúde mental de uma pessoa?
Dra. Camila:
Autoconhecimento seria o principal fator, seguido de capacidade de lidar com emoções ditas negativas, como tristeza e raiva e sem dúvida, manter relacionamentos saudáveis (não me refiro a relacionamentos românticos apenas, mas amizades e vínculos familiares). 

Diário do Estado:  Quais as diferenças fundamentais entre um transtorno psiquiátrico e uma fase difícil da vida?
Dra. Camila:
Fase difícil da vida é um processo absolutamente natural e esperado, tende a ser ageiro e não afeta significativamente a capacidade de trabalho, interação social, sono e apetite. Já os transtornos mentais são patológicos, ou seja, interferem significativamente na qualidade de vida do paciente, e tendem a piorar com o ar do tempo se não houver intervenção adequada. 

Diário do Estado:  Como é realizado o diagnóstico de um transtorno psiquiátrico? Quais critérios são utilizados? 
Dra. Camila:
Os critérios diagnósticos variam conforme a doença, mas seguem manuais validados internacionalmente. Atualmente utilizamos o DSM 5. Para isso são realizadas avaliações clinicas durante os atendimentos e caso haja indicação também podem ser solicitados exames complementares. 

Diário do Estado:  Quais são os principais tratamentos disponíveis atualmente para as doenças psiquiátricas? 
Dra. Camila:
Medicamentos e psicoterapia são amplamente estudados e validados como ferramentas altamente eficazes para uma ampla gama de doenças. 

Diário do Estado:  Qual é o papel da medicação no tratamento de transtornos mentais? E qual o papel da psicoterapia? 
Dra. Camila:
São complementares, na maioria das vezes essas duas modalidades de tratamento são necessárias para alcançar um controle eficaz das doenças. 

Diário do Estado:  Como saber quando é a hora certa de procurar ajuda psiquiátrica?
Dra. Camila:
Quando perceber que existe um prejuízo em sua qualidade de vida, quando perceber que as estratégias adotadas por iniciativa própria não estão sendo eficazes, quando o tempo de sofrimento está muito arrastado. 

Diário do Estado:  Quais são os transtornos psiquiátricos mais comuns no Brasil atualmente? E em Coxim a maioria dos seus atendimentos, pacientes, quais os maiores encaminhamentos?
Dra. Camila:
Os transtornos psiquiátricos mais comuns no Brasil seguem os mesmos padrões observados no restante do mundo, com algumas particularidades ligadas a fatores socioeconômicos. Em primeiro lugar estão os transtornos de ansiedade como transtorno de ansiedade generalizada, fobias, transtorno de pânico; seguidos por transtorno depressivo e na sequência transtornos por uso de substancias. Em Coxim  observo a mesma prevalência citada acima. 

Diário do Estado:  O que caracteriza a depressão e como ela pode ser diferenciada de uma tristeza comum?
Dra. Camila:
Apesar de compartilharem alguns aspectos são condições muito distintas. A tristeza é uma condição normal e ageira e frequentemente apresenta um gatilho identificável. Além disso a pessoa consegue manter sua funcionalidade, mesmo que com alguma dificuldade. Na  depressão existe um prejuízo significativo, duradouro, podendo interferir em sono, apetite, pensamentos, capacidade de trabalho, podendo ainda levar a pensamentos suicidas. Na depressão nem sempre existe um fator desencadeante identificável. 

Diário do Estado:  A ansiedade está cada vez mais presente na sociedade. Quais são os sinais de que ela se tornou um transtorno?
Dra. Camila:
Sentir-se ansioso eventualmente é fisiológico, ou seja, normal e saudável, pois é uma resposta do corpo a um estimulo estressor. Quando se observa uma recorrência frequente dessa sensação, ou quando ela se torna muito intensa a ponte de atrapalhar sua vida cotidiana pode se tratar de uma doença. 

Diário do Estado:  Quais são os principais desafios no diagnóstico e tratamento da esquizofrenia?
Dra. Camila:
Acredito que o maior desafio esteja ligado a questões culturais, preconceitos, que atrasam ou impedem o correto e precoce tratamento, que fará toda a diferença na evolução da doença. 

Diário do Estado:  Como o transtorno bipolar se manifesta e qual é a importância do tratamento contínuo?
Dra. Camila:
O transtorno bipolar é uma doença bastante complexa, que apresenta diversas formas de manifestação, mas para facilitar o entendimento a resumimos como uma doença que é caracterizada por oscilações entre fases de depressão  e hipo/mania, sendo necessário que o paciente fique algumas semanas mantendo as características de um destes polos. A importância do tratamento contínuo visa a estabilização do humor para que a pessoa tenha uma vida absolutamente normal, sem sintomas. 

Diário do Estado:  Quais medidas podem ser adotadas para prevenir transtornos psiquiátricos?
Dra. Camila:
Hábitos simples como o investimento em vínculos afetivos saudáveis, a prática de atividades físicas, investimento em sono de qualidade, alimentação equilibrada, evitar consumo de álcool ou demais substancias psicoativas e prática de meditação funcionam como um excelente arsenal para evitar o adoecimento. Não se trata de evitar todo tipo de sofrimento emocional possível, mas sim de desenvolver ferramentas de enfrentamento. 

Diário do Estado:  Como a sociedade pode combater o estigma relacionado às doenças mentais?
Dra. Camila:
Acredito que atitudes como a sua, de convidar um profissional da área para falar sobre o assunto, ajudam a desmistificar a ideia de que doença mental é sinônimo de loucura. 

Diário do Estado:  Qual a importância das redes de apoio (família, amigos, comunidade) na recuperação de pacientes com transtornos mentais? 
Dra. Camila:
Essas são as primeiras estruturas que a pessoa adoecida encontrará para enfrentar a doença, portanto são de suma importância, devendo encorajar seu ente querido a buscar ajuda o mais breve possível e evitar emitir julgamentos  ou falas preconceituosas. 

Diário do Estado:  De que forma a cultura e a sociedade influenciam na percepção e no tratamento das doenças psiquiátricas?
Dra. Camila:
A percepção cultural sobre o que é normal  ou patológico influencia a forma como os sintomas são interpretados  e até a forma de buscar ajuda. Já escutei diversas vezes de pacientes que demoraram a iniciar o tratamento por considerar que psiquiatra deve ser acionado somente em última instância, após terem esgotado todas as outras tentativas. Algumas sociedades interpretam sintomas psicóticos como possessões e sintomas depressivos ou ansiosos como falhas espirituais ou morais. 

Diário do Estado:  Como a pandemia de COVID-19 impactou a saúde mental da população?
Dra. Camila:
Trouxe um impacto profundo na saude mental da população mundial, devido a fatores como isolamento social, medo do adoecimento, morte de entes queridos, perdas financeiras e sensação de incerteza prolongada. De acordo com a OMS houve um aumento de no mínimo 25% dos transtornos ansiosos e depressivos.            

    

Diário do Estado:  Quais são os principais desafios que a psiquiatria enfrenta atualmente?
Dra. Camila:
Acredito que os principais desafios estejam ligados ao o escasso de serviços de qualidade. As filas para consultas em serviços públicos são longas, muitas vezes sem profissionais treinados. Além disso os medicamentos raramente são encontrados na rede publica, o que dificulta ainda mais o amplo o da população a um tratamento digno e eficaz. 

Diário do Estado:  Como a senhora vê o futuro da psiquiatria, considerando os avanços tecnológicos e científicos?
Dra. Camila:
Muito tem se investido em estudos e avanços tecnológicos que facilitem e tornem mais precisos os diagnósticos e tratamentos  psiquiátricos, mas acredito que nada substituirá a necessidade de acolhimento, empatia e vinculo que somente um bom profissional pode proporcionar aos seus pacientes. 

Diário do Estado:  Que mensagem a senhora gostaria de deixar para quem enfrenta problemas de saúde mental, mas ainda sente medo ou vergonha de procurar ajuda?
Dra. Camila:
Diria que as doenças mentais são como outra qualquer, ou seja, levam a alterações em estruturas e bioquímica cerebral, portanto, assim como você procuraria um ortopedista para tratar um osso quebrado, um psiquiatra vai cuidar do seu adoecimento psíquico. É natural sentir receio das coisas que não conhecemos bem, mas procurando um profissional que te traga segurança, te faça sentir respeitado e demonstre possuir o conhecimento adequado fará uma grande diferença em sua qualidade de vida. 

Diário do Estado:  Suas considerações finais para o Jornal Diário do Estado
Dra. Camila:
Gostaria de parabenizar ao jornal Diário do estado pela iniciativa em falar sobre adoecimento mental, ajudando a reduzir o estigma e o sofrimento das pessoas que lidam com esta dor.  Também quero agradecer ao espaço que me foi oferecido e dizer que estou muito satisfeita em trazer esses esclarecimentos a população coxinense.  

Confira a Entrevista na Integra: 

Entrevista

Samuel Oliveira: 36 Anos no Ar - A Vida, a Paixão e os Bastidores da Voz Mais Marcante de Coxim 3k1334

Nosso entrevistado da semana é um dos profissionais mais respeitados em seu segmento em Coxim e exemplo de dedicação pela profissão. Samuel Severino Oliveira, 51...

Samuel Oliveira: 36 Anos no Ar - A Vida, a Paixão e os Bastidores da Voz Mais Marcante de Coxim

30 de maio de 2025

Samuel Oliveira: 36 Anos no Ar - A Vida, a Paixão e os Bastidores da Voz Mais Marcante de Coxim

 

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Nosso entrevistado da semana é um dos profissionais mais respeitados em seu segmento em Coxim e exemplo de dedicação pela profissão.
Samuel Severino Oliveira, 51 anos, formado em Marketing, casado com Marileide Vaz, Locutor e empreendedor, pai de 3 filhos Tainá, Eduardo e Maria Clara.
Com 36 anos de dedicação ao rádio, Samuel Oliveira se tornou muito mais do que um locutor: ele é um símbolo de credibilidade, carisma e amor pela profissão. Sua trajetória é feita de histórias inesquecíveis, desafios superados, e um compromisso inabalável com a informação, a música e a companhia diária aos ouvintes.
Samuel sem dúvida é uma das figuras mais queridas e respeitadas de Coxim, fazendo o que mais ama: comunicar, emocionar e transformar o cotidiano das pessoas através da força da sua voz.
Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre o homem por trás do microfone, suas memórias, aprendizados e a visão de quem dedicou mais de três décadas a esse meio tão poderoso e essencial.
 

Diário do Estado: Como nasceu a sua paixão pelo rádio e pela locução? Você se lembra do momento em que decidiu seguir essa carreira?
Samuel Oliveira:
Minha paixão pelo rádio surgiu muito cedo, acredito que entre os meus 14 e 15 anos.
Nessa idade, eu gostava muito de uma rádio que havia lá em Campo Grande, e tinha um locutor em específico que eu irava demais! Me lembro que, sempre que ia a Campo Grande, fazia questão de gravar a voz dele, gravar as músicas dessa rádio, etc.
E com toda essa inspiração, comecei com uma brincadeira, em um aparelho de som conhecido na época como “3 em 1”. Nele, eu conectava um microfone, me juntava com um amigo que também se interessava por essa área da comunicação e a gente brincava de fazer as famosas paqueras. Levamos esse atempo até para o restaurante onde trabalhávamos na época, e agíamos como se realmente fôssemos locutores.

E foi nesse mesmo restaurante que conheci a Rosi Paiva, que era a gerente da rádio na época. Eu disse a ela que tinha muito interesse nessa área e ela falou para eu ar na rádio e gravar um piloto. E foi aí que tudo começou.
Fui aprovado e meu primeiro programa era das 20h às 00h. Comecei sem experiência nenhuma, mas com muito interesse em aprender.

Diário do Estado: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua trajetória como locutor?
Samuel Oliveira:
Acho que os principais desafios vinham do fato de que a gente tinha pouco o à informação, pouco contato com as rádios de fora, como as de São Paulo, que eram referência para todas as rádios.
Naquela época, não existia um curso, por exemplo, para a gente se aperfeiçoar. Aprendemos tudo na raça mesmo, e acredito que, se fosse nos tempos de hoje, essa jornada seria um pouco mais leve.

Diário do Estado: Nestes mais de 20 anos de carreira, qual foi o momento mais marcante ou emocionante para você?
Samuel Oliveira:
Tive vários momentos muito marcantes e de muita emoção, mas um que me marcou foi saber que conseguimos ajudar cerca de 110 famílias, na época, através de uma campanha que fizemos para arrecadar cestas básicas, que durou cerca de dois anos.
Outro momento marcante foi o falecimento da minha mãe. Quando aconteceu, eu estava ao vivo no programa e meu irmão tentava de todas as formas falar comigo, até que conseguiu, já no final do programa.

Diário do Estado: Como você vê a evolução do rádio desde que começou a trabalhar até hoje? O que mudou na forma de comunicar?
Samuel Oliveira:
A evolução do rádio é tremenda. Antigamente, tínhamos que fazer tudo manualmente, com os aparelhos todos analógicos.
Dava realmente muito trabalho fazer um programa naquela época, já que tudo era manual.
As propagandas que tínhamos que soltar eram através de fitas, cartucheiras.

E tudo era feito com discos de vinil. Tínhamos uma programadora, que era uma pessoa contratada só para fazer a programação.
Então, se eram 12 músicas para tocar no programa, eu chegava e haviam 12 discos separados, que iam para o sonoplasta, e ele era encarregado de cuidar dessa parte de colocar as músicas e as propagandas, e eu ficava com uma via de tudo para a gente conduzir o programa.
Mas, às vezes, tínhamos que fazer um programa sozinhos.
Então, numa situação dessas, eu precisava narrar o programa, trocar disco, trocar propaganda — praticamente fazer tudo ao mesmo tempo.
Por isso, às vezes, brinco que os locutores de hoje em dia são todos “nutelas”, porque, de fato, hoje um computador faz quase tudo. Então o rádio basicamente mudou da água para o vinho.

Diário do Estado: Quais habilidades considera essenciais para quem quer ser um bom locutor atualmente?
Samuel Oliveira:
A nossa forma de se comunicar mudou muito. Antigamente, tínhamos uma visão de que os bons locutores tinham que ter uma voz super grossa, até porque eles eram as nossas referências da época.
Acredito que, hoje em dia, o essencial é você ser carismático, saber tratar bem as pessoas, ter muita empatia e carinho. Até porque hoje temos muita facilidade de interação com os ouvintes, por meio das redes sociais, então você acaba criando uma relação muito próxima.
Me lembro que, antigamente, nossa forma de se comunicar com os ouvintes era através de cartas escritas à mão, que eles deixavam em um ponto de coleta, e a gente recebia entre 30 a 60 dias depois.
Então, hoje em dia, com toda essa tecnologia, é esperado que você seja uma pessoa atenciosa e carismática.

Diário do Estado: Como é a sua rotina de trabalho na Band FM de Coxim? Quais são os bastidores que o público não vê?
Samuel Oliveira:
Minha rotina começa logo cedo, com o meu programa na Vale, o “Programa do Samuca”.
Ele vai das 7h às 8h30, e eu me divirto muito lá. Acho que não tem forma melhor de começar o dia.
E ao meio-dia, tenho meu outro programa na Band FM, chamado Band Cidade, que apresento junto com meu amigo Camilo Bressan, uma pessoa por quem tenho um carinho enorme e que me ensinou e ajudou muito a evoluir.
Sobre os bastidores, acho que o que resume tudo é a correria. Às vezes, os ouvintes acham que, nos intervalos, estamos de boa, mas aproveitamos esse tempo para organizar quais informações do dia são interessantes para ar, quais textos vamos falar, porque tudo precisa ser escolhido com muito critério. É uma responsabilidade enorme estar no nosso lugar propagando informações.

Diário do Estado: O que mais te motiva a continuar no ar todos os dias?
Samuel Oliveira:
O que me motiva, com certeza, é o carinho e reconhecimento do meu trabalho. É sair na rua, encontrar meus ouvintes, ter um de perto, fora as participações diárias pelas redes sociais.
Acho todo esse contato próximo com as pessoas essencial, e é muito bom saber que nosso trabalho está alcançando muitos lugares que antigamente não atingíamos, graças à evolução do rádio.

Diário do Estado: Você acredita que o rádio local cumpre um papel importante na comunidade? De que forma isso se manifesta em Coxim?
Samuel Oliveira:
Sim, acredito que o rádio é fundamental, cumprindo o seu papel importantíssimo de informar, trazer conteúdo e entretenimento de qualidade para a população.
O que seria de nós sem o rádio? Ele é o companheiro da dona de casa, do pessoal do comércio, da fazenda. Tem um papel enorme na vida das pessoas.
Um exemplo de situação em que o rádio cumpriu um papel muito legal em Coxim foi na apuração das eleições municipais, quando tivemos uma participação gigantesca dos ouvintes, não só diretamente pelo rádio, mas também pela nossa transmissão no YouTube.
Com certeza, o rádio é um grande veículo de comunicação e contribui muito para a sociedade coxinense.

Diário do Estado: Qual foi o programa ou projeto que você apresentou com mais orgulho até hoje na Band FM? Por quê?
Samuel Oliveira:
Atualmente, participo de dois programas que me trazem muito orgulho e alegria, mas a Band FM tem um lugar especial no meu coração, porque fazer parte dela é a realização de um sonho de infância, que eu via como algo muito distante.
Então, o programa Band Cidade, que apresento com o Camilo Bressan, é motivo de muito orgulho e gratidão para mim.

Diário do Estado: Como você adapta a sua comunicação para se conectar com o público de Coxim e região?
Samuel Oliveira:
Eu procuro fazer uma comunicação bem popular, sem muita formalidade, buscando falar a língua do povo, justamente para me conectar mais com as pessoas.

Diário do Estado: Com a popularização dos podcasts e das plataformas digitais, como você enxerga o futuro do rádio tradicional?
Samuel Oliveira:
Hoje o rádio está ando por uma transformação. Temos vários outros meios de comunicação que tomaram seu espaço, principalmente os podcasts.
Mas nós, que somos do rádio, temos a obrigação de acompanhar a evolução da tecnologia.
Um exemplo prático dessa mudança é que, nos programas de entrevistas da rádio, praticamente os transformamos em podcasts.
Nossos ouvintes têm a opção de escutar a gente na rádio e acompanhar a transmissão ao vivo por outras plataformas, como YouTube e Facebook. Usamos essa evolução tecnológica a nosso favor.
E, sobre o futuro do rádio, enxergo um futuro brilhante. Acredito que o rádio vai seguir firme e forte, conquistando diversos outros espaços na sociedade.
Mas, para isso, precisamos ter a mente aberta e realmente usar a tecnologia a nosso favor, sem nos apegar tanto às “tradições”.

Diário do Estado: Você já pensou ou tem interesse em migrar ou complementar sua atuação com outras mídias, como podcast ou YouTube?
Samuel Oliveira:
Talvez “migrar” não seja a palavra certa, mas com certeza já pensei em complementar minha atuação com outras mídias, principalmente depois que percebi que precisamos acompanhar essa evolução.
Então, aos poucos, venho mudando isso. Como disse anteriormente, busco transformar meus programas no formato de podcast, deixando tudo salvo para que as pessoas assistam quando e onde quiserem. Tenho interesse em usar isso para agregar ainda mais — e quem sabe um dia fazer um podcast voltado exclusivamente para as mídias sociais.

Diário do Estado: Na sua opinião, o que o rádio oferece que nenhuma outra mídia consegue entregar?
Samuel Oliveira:
O rádio tem uma proximidade que nenhuma outra mídia consegue replicar.
Para muita gente, é uma companhia constante — seja no carro, em casa ou no trabalho — e fala direto com o ouvinte, no ritmo da vida real.
É instantâneo, ível e humano. A voz no rádio cria um laço de confiança, de intimidade, que não vemos da mesma forma em outras plataformas.

Diário do Estado: Como você vê a importância da voz na era atual, em que a imagem e o vídeo são tão valorizados?
Samuel Oliveira:
A voz é extremamente essencial, independentemente das evoluções da era atual. A voz carrega muita emoção, credibilidade, e nos conecta com as pessoas de uma forma que, muitas vezes, uma imagem não consegue sozinha.
Principalmente com o crescimento dos podcasts, audiolivros, etc., podemos ver um verdadeiro renascimento da voz.
A imagem pode até chamar a atenção, mas é a voz que sustenta a imagem e cria o vínculo.

Diário do Estado: Quem foram ou ainda são suas maiores referências no mundo da locução e comunicação?
Samuel Oliveira:
Tive como referência, no início da minha jornada como locutor, uma pessoa que eu escutava aqui na cidade: o saudoso “Tio Zé Potoca”. Ele fazia uma festa no rádio, tudo de forma manual, e essa criatividade me fez enxergá-lo como uma referência.

Diário do Estado: Como você se prepara antes de entrar no ar? Tem algum ritual ou técnica específica?
Samuel Oliveira:
Antigamente, usávamos algumas técnicas para melhorar a voz, inclusive uma chamada técnica da caneta. Mas hoje em dia, não tenho nenhum ritual específico. A gente apenas tenta manter a saúde em dia e ter atenção com os alimentos que vamos consumir, etc.

Diário do Estado: Qual característica ou estilo você acredita que diferencia sua locução das demais?
Samuel Oliveira:
Uma das características que acho que diferencia a minha locução é fazer algo mais informal. Me sinto conversando com amigos mesmo quando estou me comunicando com os ouvintes. Sempre busco agir com muita naturalidade.

Diário do Estado: Tem alguma situação engraçada ou curiosa que viveu no estúdio e que pode compartilhar com a gente?
Samuel Oliveira:
Uma das situações engraçadas que vivi foi um dia em que estava fazendo a divulgação de uma empresa no programa Band Cidade.
Eu estava falando os valores promocionais, elogiando os preços, e de repente me deparei com o valor de um produto que estava muito caro. Não consegui disfarçar e acabei soltando minha opinião no ar. Esse dia é motivo de muitas risadas até hoje.

Diário do Estado: Que conselho você daria para quem está começando agora na área de locução ou sonha em trabalhar no rádio?
Samuel Oliveira:
Meu conselho para quem quer começar é: buscar informação, estudar muito e fazer o que puder para se especializar na área. Inclusive fazer um curso de vendas, para conseguir conciliar tudo isso.
Mas não desista, corra atrás, procure uma oportunidade — se for pra ser, vai dar certo.

Diário do Estado: Depois de tantos anos no ar, qual é a principal lição que o rádio te ensinou, como profissional e como pessoa?
Samuel Oliveira:
O rádio me ensinou muitas coisas. Foi como uma faculdade para mim.
Tudo eu aprendi na prática, sabe?
O rádio me ensinou a ser um ser humano melhor, a ter mais empatia pelas pessoas, já que, com o rádio, conheci diversas histórias e diferentes realidades que me moldaram para ser quem sou hoje. Eu, de fato, aprendi muito.
Afinal, comecei no rádio com 16 anos, e apesar de uma pausa nesse período, sigo aqui vivendo essa profissão linda. Se eu pudesse, com certeza faria tudo de novo!

Diário do Estado: Considerações finais:
Samuel Oliveira:
Primeiro, quero agradecer a você, Glenda, e ao Diário do Estado, por me darem essa oportunidade de compartilhar um pouco da minha vida e da minha experiência na comunicação e no rádio.
Muito obrigado, Elô e Rubens Dantas — só tenho a agradecer a essa equipe.
Agora, quero agradecer ao Sr. Toninho e à Dona Tânia, que foram quem me deram a oportunidade de começar na rádio. Devo muito a eles.
E já aproveitando, agradeço muito ao Toni, que é o atual diretor, por continuar me dando a oportunidade de estar no rádio todos os dias. Ele é uma pessoa que me ajuda, me ensina muito e me faz crescer como profissional.
Também quero agradecer a toda a equipe da rádio, meus companheiros diários, que dividem essa jornada comigo e a tornam mais leve. E, claro, quero agradecer aos meus ouvintes, que são o combustível de tudo isso. Muito obrigado!

 

Confira a entrevista na integra: 

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