sábado, 07 de junho, 2025
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Nosso entrevistado da semana é um Coxinense apaixonado por suas origens, um fã incondicional de sua Coxim que sonhou com o dia que retornaria para sua terra natal após anos fora, filho de um dos médicos mais queridos pela população de Coxim o também Dr Pedrinho Fontoura o médico Fernado Fontoura aceitou nosso convite para falar sobre a inauguração de sua clínica na cidade e sobre a saúde em Coxim, conheça um pouco mais desse grande profissional que tem feito a diferença na saúde da terra do pé de Cedro .
Fernando Henrique Rocha Fontoura, 38 anos, casado com Jean Franko Leal Moraes, formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro em 2014 aos 27 anos de idade, formação clínica pela Beneficência Portuguesa de São Paulo, pós graduação em cardiologia pelo hospital
Israelita Albert Einstein e especialização em Medicina de Família pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Diário do Estado: Fernando, você ou muito tempo fora de Coxim estudando e se especializando na sua área, como foi retornar para Coxim após tantos anos?
Fernando Fontoura: Glenda, saí de Coxim , muito cedo, muito jovem, se você me perguntar se a medicina estava nos meus planos, não, não estava, mas talvez por influência do meu pai, não no sentido dele me influenciar, mas de crescer naquele ambiente em que a medicina sempre esteve presente nos meus dias , com meu pai e seus amigos também médicos frequentando nossa casa, talvez de alguma forma isso tenha me influenciado, médicos como os falecidos Dr Flávio, Dr Gaspar, Dr João Figueiredo e também do primeiro médico de Coxim, meu primo Dr Álvaro Fontoura, essas foram minhas referências.
Diário do Estado: Quando você retornou para Coxim, sentiu o peso por ser filho de um dos médicos mais queridos de Coxim? Existiu essa comparação?
Fernando Fontoura: Claro que existiu, e faz parte, talvez nem pelo sentido negativo, mas pela expectativa em que eu seja tão bom quanto meu pai ou até melhor, mas isso nunca veio para mim como um peso e sim como uma responsabilidade de entregar sempre o melhor.
Diário do Estado: E qual motivo de retornar para Coxim?
Fernando Fontoura: Meus pais, o motivo foi eles, foi por eles, os papeis se invertem e hoje sinto a necessidade em estar perto para poder cuidar deles, e nada mais justo que isso né Glenda, cuidar daqueles que sempre cuidaram da gente, esse processo faz parte da vida, um dia eles cuidam, depois cuidamos, a vida é sobre isso, sobre devolver aquilo que recebemos, e hoje estou muito feliz e realizado em estar junto da minha família de novo.
Diário do Estado: Para muitas pessoas que retornam para sua terra natal isso é um retrocesso, para você foi?
Fernando Fontoura: Mas de maneira nenhuma, foi a maior alegria da minha vida, eu sou um apaixonado por Coxim, eu amo esse lugar, costumo dizer que aqui é meu chão, não poderia escolher outro lugar para envelhecer e terminar meus dias, aqui é meu lugar preferido no mundo, eu amo essa cidade, o povo acolhedor daqui os cheiros, a natureza, a tranquilidade que temos aqui, a simpatia da nossa gente, simpatia que só quem é coxinense entende, Coxim sempre será minha melhor escolha.
Diário do Estado: Fernando, recentemente você inaugurou sua clínica, isso foi um sonho que você tinha de quando retornasse para Coxim?
Fernando Fontoura: Sim, quando chegamos em uma certa idade pensamos em fincar raízes, estabilidade, segurança, fazer aquilo que amamos, e principalmente no meu caso poder cuidar dos que me procuram e confiam no meu trabalho com qualidade, respeito, dignidade, oferecer um bom trabalho, um bom atendimento não é um favor Glenda, a nossa constituição nos diz que cada um de nós tem direito a saúde, educação, cultura, e cabe a cada um de nós entregar serviços de qualidade para nossa gente, não é favor, é obrigação.
Diário do Estado: A sua clínica conta com quantos profissionais e quais especialidades?
Fernando Fontoura: Ginecologista- Dr Pedrinho Fontoura, Dra Marina Introvini- Tricologia e transplante Capilar, Dra Juliana Fontoura Psicóloga, e eu a frente dos atendimentos de cardiologia e medicina da família.
Diário do Estado: Quais os planos de saúde sua clínica está atendendo?
Fernando Fontoura: Cassems, todas as Pax: Taquari, Coxim e São Marcos, Postal Saúde, Fusex e Cassi
Diário do Estado: O senhor tem trabalhado muito com a telemedicina, como tem sido essa experiência? A população de Coxim tem aceitado bem ou existe resistência?
Fernando Fontoura: A resposta dos pacientes de Coxim tem sido incrível, claro que muitos ainda ficam receosos, mas grande parte aceita muito bem, fazemos atendimentos inclusive nos locais mais distantes como pantanal, zona rural, para pessoas que tenham dificuldade de o ou até mesmo aqueles que precisam de um atendimento de urgência, a qualidade oferecida é a mesma do atendimento presencial, tanto nas unidades de saúde que atendo como na minha clínica a resposta tem sido muito boa e agradeço a confiança dos meus pacientes.
Diário do Estado: Quando o senhor retornou para Coxim foi naquele BUM da COVID no mundo todo, em Coxim não foi diferente e a cidade como muitas outras que não estavam preparadas para aquilo que estava acontecendo beirou a calamidade como foi para o senhor viver esse momento?
Fernando Fontoura: Eu digo sempre que esse momento foi a medicina que não aprendemos nos livros e na faculdade, era o caos, trabalhei na tenda da covid em Coxim e posso te dizer que nunca havia visto nada parecido, em Campo Grande no hospital da CASSEMS também prestei atendimentos durante a covid, e se na capital, em um hospital com toda estrutura vi tantas pessoas pelos corredores esperando atendimentos, tantas mortes diariamente, imagina quando isso chega em Coxim, uma cidade pequena, com poucos recursos e sem as estruturas dos grandes centros, confesso para você que foi um dos períodos mais difíceis da minha carreira de médico, vi médicos queridos perderem a vida, como nosso amigo e querido Dr Gaspar, todos os dias eu ia na UTI do hospital da CASSEMS para vê-lo mas infelizmente a covid o levou, como tantos outros profissionais da saúde.
Diário do Estado: Nesse período, você teve algum medo?
Fernando Fontoura: Sim, tive. Meu maior medo era perder meu pai, eu nem sentia medo por mim, mas por ele sim, ele não parou de trabalhar nenhum dia durante a covid, atendeu todos os dias, colocou sua vida em risco por outras pessoas, isso realmente mexeu comigo, o medo de perder meu pai era latente em mim, era um medo diário, de todos os medos que tive, esse foi o pior. Eu também trabalhei todos os dias durante a pandemia, peguei por duas vezes a COVID, de forma leve, mas no final conseguimos ar por esse triste momento e estamos aqui seguindo cuidando das pessoas.
Diário do Estado: Hoje para você, qual a maior necessidade de Coxim em especialidades?
Fernando Fontoura: Glenda, Coxim já melhorou muito no sentido de médicos especialistas, antes os moradores daqui precisavam deixar Coxim para ir para Campo Grande buscar alguns especialistas, hoje essa situação já melhorou muito, embora muito ainda precise ser feito, uma grande deficiência em especialidade aqui em Coxim é de neurologia, Coxim precisa com urgência de um neurologista, essa demanda é bastante alta aqui na cidade.
Diário do Estado: Como o senhor vê a saúde de Coxim atualmente?
Fernando Fontoura: Acredito que esta acontecendo um movimento e sinto uma boa vontade do poder público em melhorar a oferta de serviços e atendimentos nas unidades de saúde da cidade e também de locais como CAPS e REABILITAR, Em uma reunião recente com o Prefeito Edilson Magro senti por parte dele vontade em fazer as melhorias necessárias para que o povo de Coxim não e por situações difíceis ao buscarem atendimento, mas também precisamos trabalhar para que todo paciente receba um atendimento de qualidade desde a recepção ao chegar na unidade de saúde e centros de referência.
Diário do Estado: Para o senhor humanizar a saúde significa o que?
Fernando Fontoura: Receber bem os pacientes nas unidades de saúde, atender com educação, carinho, sobretudo respeito, ninguém procura um hospital ou uma unidade de saúde sem necessidade, quando a pessoa chega nesses locais ela já chega fragilizada precisando de ajuda e apoio, ela precisa se sentir acolhida ao chegar nesses locais, nós gostamos de ser bem tratados e acolhidos, então humanizar o atendimento não é mais que nosso dever.
Diário do Estado: Vamos fazer agora o nosso bate-bola Fernando, preparado?
Fernando Fontoura: Vamos lá
Diário do Estado: Uma cor?
Fernando Fontoura: Azul
Diário do Estado: Uma música?
Fernando Fontoura: Fala Coxim
Diário do Estado: Um lugar?
Fernando Fontoura: Coxim
Diário do Estado: Uma comida?
Fernando Fontoura: Arroz carreteiro
Diário do Estado: Um desejo?
Fernando Fontoura: Evoluir sempre
Diário do Estado: Uma revolta?
Fernando Fontoura: Injustiça
Diário do Estado: Um dia feliz?
Fernando Fontoura: Quando me sinto amado
Diário do Estado: Um dia Triste?
Fernando Fontoura: Quando não me sinto compreendido
Diário do Estado: Uma realização?
Fernando Fontoura: O hoje
Diário do Estado: Um medo?
Fernando Fontoura: De viver no automático, sem valorizar as coisas bonitas do dia a dia
Diário do Estado: Maior alegria?
Fernando Fontoura: Fazer alguém feliz
Diário do Estado: Se você tivesse um super poder, qual você gostaria de ter?
Fernando Fontoura: Que as pessoas tivessem o as mesmas condições de outras
Diário do Estado: Uma dor?
Fernando Fontoura: Ter feito outras escolhas que eu não faria hoje
Diário do Estado: Uma palavra bonita para você?
Fernando Fontoura: Resiliência
Diário do Estado: Uma palavra feia para você?
Fernando Fontoura: Preconceito
Diário do Estado: Um cheiro?
Fernando Fontoura: Terra molhada
Diário do Estado: Agora gostaria que você deixasse suas considerações finais Fernando
Fernando Fontoura: Glenda, gostaria de agradecer profundamente pelo convite, falar sobre Coxim, sobre saúde é sempre muito importante, esse espaço que a Dona elô e o senhor Rubens abrem para que a população possa nos conhecer um pouco mais é de extrema importância, agradeço por me escolherem para falar um pouco da minha vida, pelo carinho que esse casal tem por mim, poder falar dos meus os na medicina e do meu amor por essa cidade tão linda que é a nossa Coxim, deixo também o endereço da clínica para quem se interessar e também lembrando que também faço os atendimentos nas unidade de saúde de Coxim, muito obrigado pela oportunidade e grande abraço.
Entrevista
Nossa entrevista da semana é com uma mulher que carrega, em cada gesto e palavra, a delicadeza e a força de quem escolheu cuidar da mente e da alma das pessoas. Recebemos com muito...
6 de junho de 2025
Nossa entrevista da semana é com uma mulher que carrega, em cada gesto e palavra, a delicadeza e a força de quem escolheu cuidar da mente e da alma das pessoas.
Recebemos com muito carinho a médica Camila Molina Kern, de 37 anos, psiquiatra formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, uma profissional dedicada, que faz da escuta e do acolhimento as bases do seu trabalho.
Mas, além da médica, conhecemos também a mulher, a esposa e a mãe: Camila é casada com o também médico Felipe Gomes Ferreira, com quem construiu uma linda família. Juntos, são pais do Matheus, de 7 anos, e da pequena Maitê, de 3 anos, dois grandes amores que, segundo ela, dão ainda mais sentido à sua missão de cuidar das pessoas.
Hoje, vamos conversar sobre sua trajetória, os desafios e encantos da psiquiatria, e sobre o equilíbrio entre a profissão e a maternidade. Seja muito bem-vinda, doutora Camila é uma alegria ter você conosco!
Diário do Estado: Como a senhora definiria saúde mental e qual a sua importância na vida cotidiana?
Dra. Camila: Saúde mental é um conjunto de aspectos da vida emocional, social, psicológica que afeta a forma como interpretamos, sentimos e nos comportamos.
Diário do Estado: Quais são os principais fatores que influenciam a saúde mental de uma pessoa?
Dra. Camila: Autoconhecimento seria o principal fator, seguido de capacidade de lidar com emoções ditas negativas, como tristeza e raiva e sem dúvida, manter relacionamentos saudáveis (não me refiro a relacionamentos românticos apenas, mas amizades e vínculos familiares).
Diário do Estado: Quais as diferenças fundamentais entre um transtorno psiquiátrico e uma fase difícil da vida?
Dra. Camila: Fase difícil da vida é um processo absolutamente natural e esperado, tende a ser ageiro e não afeta significativamente a capacidade de trabalho, interação social, sono e apetite. Já os transtornos mentais são patológicos, ou seja, interferem significativamente na qualidade de vida do paciente, e tendem a piorar com o ar do tempo se não houver intervenção adequada.
Diário do Estado: Como é realizado o diagnóstico de um transtorno psiquiátrico? Quais critérios são utilizados?
Dra. Camila: Os critérios diagnósticos variam conforme a doença, mas seguem manuais validados internacionalmente. Atualmente utilizamos o DSM 5. Para isso são realizadas avaliações clinicas durante os atendimentos e caso haja indicação também podem ser solicitados exames complementares.
Diário do Estado: Quais são os principais tratamentos disponíveis atualmente para as doenças psiquiátricas?
Dra. Camila: Medicamentos e psicoterapia são amplamente estudados e validados como ferramentas altamente eficazes para uma ampla gama de doenças.
Diário do Estado: Qual é o papel da medicação no tratamento de transtornos mentais? E qual o papel da psicoterapia?
Dra. Camila: São complementares, na maioria das vezes essas duas modalidades de tratamento são necessárias para alcançar um controle eficaz das doenças.
Diário do Estado: Como saber quando é a hora certa de procurar ajuda psiquiátrica?
Dra. Camila: Quando perceber que existe um prejuízo em sua qualidade de vida, quando perceber que as estratégias adotadas por iniciativa própria não estão sendo eficazes, quando o tempo de sofrimento está muito arrastado.
Diário do Estado: Quais são os transtornos psiquiátricos mais comuns no Brasil atualmente? E em Coxim a maioria dos seus atendimentos, pacientes, quais os maiores encaminhamentos?
Dra. Camila: Os transtornos psiquiátricos mais comuns no Brasil seguem os mesmos padrões observados no restante do mundo, com algumas particularidades ligadas a fatores socioeconômicos. Em primeiro lugar estão os transtornos de ansiedade como transtorno de ansiedade generalizada, fobias, transtorno de pânico; seguidos por transtorno depressivo e na sequência transtornos por uso de substancias. Em Coxim observo a mesma prevalência citada acima.
Diário do Estado: O que caracteriza a depressão e como ela pode ser diferenciada de uma tristeza comum?
Dra. Camila: Apesar de compartilharem alguns aspectos são condições muito distintas. A tristeza é uma condição normal e ageira e frequentemente apresenta um gatilho identificável. Além disso a pessoa consegue manter sua funcionalidade, mesmo que com alguma dificuldade. Na depressão existe um prejuízo significativo, duradouro, podendo interferir em sono, apetite, pensamentos, capacidade de trabalho, podendo ainda levar a pensamentos suicidas. Na depressão nem sempre existe um fator desencadeante identificável.
Diário do Estado: A ansiedade está cada vez mais presente na sociedade. Quais são os sinais de que ela se tornou um transtorno?
Dra. Camila: Sentir-se ansioso eventualmente é fisiológico, ou seja, normal e saudável, pois é uma resposta do corpo a um estimulo estressor. Quando se observa uma recorrência frequente dessa sensação, ou quando ela se torna muito intensa a ponte de atrapalhar sua vida cotidiana pode se tratar de uma doença.
Diário do Estado: Quais são os principais desafios no diagnóstico e tratamento da esquizofrenia?
Dra. Camila: Acredito que o maior desafio esteja ligado a questões culturais, preconceitos, que atrasam ou impedem o correto e precoce tratamento, que fará toda a diferença na evolução da doença.
Diário do Estado: Como o transtorno bipolar se manifesta e qual é a importância do tratamento contínuo?
Dra. Camila: O transtorno bipolar é uma doença bastante complexa, que apresenta diversas formas de manifestação, mas para facilitar o entendimento a resumimos como uma doença que é caracterizada por oscilações entre fases de depressão e hipo/mania, sendo necessário que o paciente fique algumas semanas mantendo as características de um destes polos. A importância do tratamento contínuo visa a estabilização do humor para que a pessoa tenha uma vida absolutamente normal, sem sintomas.
Diário do Estado: Quais medidas podem ser adotadas para prevenir transtornos psiquiátricos?
Dra. Camila: Hábitos simples como o investimento em vínculos afetivos saudáveis, a prática de atividades físicas, investimento em sono de qualidade, alimentação equilibrada, evitar consumo de álcool ou demais substancias psicoativas e prática de meditação funcionam como um excelente arsenal para evitar o adoecimento. Não se trata de evitar todo tipo de sofrimento emocional possível, mas sim de desenvolver ferramentas de enfrentamento.
Diário do Estado: Como a sociedade pode combater o estigma relacionado às doenças mentais?
Dra. Camila: Acredito que atitudes como a sua, de convidar um profissional da área para falar sobre o assunto, ajudam a desmistificar a ideia de que doença mental é sinônimo de loucura.
Diário do Estado: Qual a importância das redes de apoio (família, amigos, comunidade) na recuperação de pacientes com transtornos mentais?
Dra. Camila: Essas são as primeiras estruturas que a pessoa adoecida encontrará para enfrentar a doença, portanto são de suma importância, devendo encorajar seu ente querido a buscar ajuda o mais breve possível e evitar emitir julgamentos ou falas preconceituosas.
Diário do Estado: De que forma a cultura e a sociedade influenciam na percepção e no tratamento das doenças psiquiátricas?
Dra. Camila: A percepção cultural sobre o que é normal ou patológico influencia a forma como os sintomas são interpretados e até a forma de buscar ajuda. Já escutei diversas vezes de pacientes que demoraram a iniciar o tratamento por considerar que psiquiatra deve ser acionado somente em última instância, após terem esgotado todas as outras tentativas. Algumas sociedades interpretam sintomas psicóticos como possessões e sintomas depressivos ou ansiosos como falhas espirituais ou morais.
Diário do Estado: Como a pandemia de COVID-19 impactou a saúde mental da população?
Dra. Camila: Trouxe um impacto profundo na saude mental da população mundial, devido a fatores como isolamento social, medo do adoecimento, morte de entes queridos, perdas financeiras e sensação de incerteza prolongada. De acordo com a OMS houve um aumento de no mínimo 25% dos transtornos ansiosos e depressivos.
Diário do Estado: Quais são os principais desafios que a psiquiatria enfrenta atualmente?
Dra. Camila: Acredito que os principais desafios estejam ligados ao o escasso de serviços de qualidade. As filas para consultas em serviços públicos são longas, muitas vezes sem profissionais treinados. Além disso os medicamentos raramente são encontrados na rede publica, o que dificulta ainda mais o amplo o da população a um tratamento digno e eficaz.
Diário do Estado: Como a senhora vê o futuro da psiquiatria, considerando os avanços tecnológicos e científicos?
Dra. Camila: Muito tem se investido em estudos e avanços tecnológicos que facilitem e tornem mais precisos os diagnósticos e tratamentos psiquiátricos, mas acredito que nada substituirá a necessidade de acolhimento, empatia e vinculo que somente um bom profissional pode proporcionar aos seus pacientes.
Diário do Estado: Que mensagem a senhora gostaria de deixar para quem enfrenta problemas de saúde mental, mas ainda sente medo ou vergonha de procurar ajuda?
Dra. Camila: Diria que as doenças mentais são como outra qualquer, ou seja, levam a alterações em estruturas e bioquímica cerebral, portanto, assim como você procuraria um ortopedista para tratar um osso quebrado, um psiquiatra vai cuidar do seu adoecimento psíquico. É natural sentir receio das coisas que não conhecemos bem, mas procurando um profissional que te traga segurança, te faça sentir respeitado e demonstre possuir o conhecimento adequado fará uma grande diferença em sua qualidade de vida.
Diário do Estado: Suas considerações finais para o Jornal Diário do Estado
Dra. Camila: Gostaria de parabenizar ao jornal Diário do estado pela iniciativa em falar sobre adoecimento mental, ajudando a reduzir o estigma e o sofrimento das pessoas que lidam com esta dor. Também quero agradecer ao espaço que me foi oferecido e dizer que estou muito satisfeita em trazer esses esclarecimentos a população coxinense.
Confira a Entrevista na Integra:
Entrevista
Nosso entrevistado da semana é um dos profissionais mais respeitados em seu segmento em Coxim e exemplo de dedicação pela profissão. Samuel Severino Oliveira, 51...
30 de maio de 2025
Nosso entrevistado da semana é um dos profissionais mais respeitados em seu segmento em Coxim e exemplo de dedicação pela profissão.
Samuel Severino Oliveira, 51 anos, formado em Marketing, casado com Marileide Vaz, Locutor e empreendedor, pai de 3 filhos Tainá, Eduardo e Maria Clara.
Com 36 anos de dedicação ao rádio, Samuel Oliveira se tornou muito mais do que um locutor: ele é um símbolo de credibilidade, carisma e amor pela profissão. Sua trajetória é feita de histórias inesquecíveis, desafios superados, e um compromisso inabalável com a informação, a música e a companhia diária aos ouvintes.
Samuel sem dúvida é uma das figuras mais queridas e respeitadas de Coxim, fazendo o que mais ama: comunicar, emocionar e transformar o cotidiano das pessoas através da força da sua voz.
Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre o homem por trás do microfone, suas memórias, aprendizados e a visão de quem dedicou mais de três décadas a esse meio tão poderoso e essencial.
Diário do Estado: Como nasceu a sua paixão pelo rádio e pela locução? Você se lembra do momento em que decidiu seguir essa carreira?
Samuel Oliveira: Minha paixão pelo rádio surgiu muito cedo, acredito que entre os meus 14 e 15 anos.
Nessa idade, eu gostava muito de uma rádio que havia lá em Campo Grande, e tinha um locutor em específico que eu irava demais! Me lembro que, sempre que ia a Campo Grande, fazia questão de gravar a voz dele, gravar as músicas dessa rádio, etc.
E com toda essa inspiração, comecei com uma brincadeira, em um aparelho de som conhecido na época como “3 em 1”. Nele, eu conectava um microfone, me juntava com um amigo que também se interessava por essa área da comunicação e a gente brincava de fazer as famosas paqueras. Levamos esse atempo até para o restaurante onde trabalhávamos na época, e agíamos como se realmente fôssemos locutores.
E foi nesse mesmo restaurante que conheci a Rosi Paiva, que era a gerente da rádio na época. Eu disse a ela que tinha muito interesse nessa área e ela falou para eu ar na rádio e gravar um piloto. E foi aí que tudo começou.
Fui aprovado e meu primeiro programa era das 20h às 00h. Comecei sem experiência nenhuma, mas com muito interesse em aprender.
Diário do Estado: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua trajetória como locutor?
Samuel Oliveira: Acho que os principais desafios vinham do fato de que a gente tinha pouco o à informação, pouco contato com as rádios de fora, como as de São Paulo, que eram referência para todas as rádios.
Naquela época, não existia um curso, por exemplo, para a gente se aperfeiçoar. Aprendemos tudo na raça mesmo, e acredito que, se fosse nos tempos de hoje, essa jornada seria um pouco mais leve.
Diário do Estado: Nestes mais de 20 anos de carreira, qual foi o momento mais marcante ou emocionante para você?
Samuel Oliveira: Tive vários momentos muito marcantes e de muita emoção, mas um que me marcou foi saber que conseguimos ajudar cerca de 110 famílias, na época, através de uma campanha que fizemos para arrecadar cestas básicas, que durou cerca de dois anos.
Outro momento marcante foi o falecimento da minha mãe. Quando aconteceu, eu estava ao vivo no programa e meu irmão tentava de todas as formas falar comigo, até que conseguiu, já no final do programa.
Diário do Estado: Como você vê a evolução do rádio desde que começou a trabalhar até hoje? O que mudou na forma de comunicar?
Samuel Oliveira: A evolução do rádio é tremenda. Antigamente, tínhamos que fazer tudo manualmente, com os aparelhos todos analógicos.
Dava realmente muito trabalho fazer um programa naquela época, já que tudo era manual.
As propagandas que tínhamos que soltar eram através de fitas, cartucheiras.
E tudo era feito com discos de vinil. Tínhamos uma programadora, que era uma pessoa contratada só para fazer a programação.
Então, se eram 12 músicas para tocar no programa, eu chegava e haviam 12 discos separados, que iam para o sonoplasta, e ele era encarregado de cuidar dessa parte de colocar as músicas e as propagandas, e eu ficava com uma via de tudo para a gente conduzir o programa.
Mas, às vezes, tínhamos que fazer um programa sozinhos.
Então, numa situação dessas, eu precisava narrar o programa, trocar disco, trocar propaganda — praticamente fazer tudo ao mesmo tempo.
Por isso, às vezes, brinco que os locutores de hoje em dia são todos “nutelas”, porque, de fato, hoje um computador faz quase tudo. Então o rádio basicamente mudou da água para o vinho.
Diário do Estado: Quais habilidades considera essenciais para quem quer ser um bom locutor atualmente?
Samuel Oliveira: A nossa forma de se comunicar mudou muito. Antigamente, tínhamos uma visão de que os bons locutores tinham que ter uma voz super grossa, até porque eles eram as nossas referências da época.
Acredito que, hoje em dia, o essencial é você ser carismático, saber tratar bem as pessoas, ter muita empatia e carinho. Até porque hoje temos muita facilidade de interação com os ouvintes, por meio das redes sociais, então você acaba criando uma relação muito próxima.
Me lembro que, antigamente, nossa forma de se comunicar com os ouvintes era através de cartas escritas à mão, que eles deixavam em um ponto de coleta, e a gente recebia entre 30 a 60 dias depois.
Então, hoje em dia, com toda essa tecnologia, é esperado que você seja uma pessoa atenciosa e carismática.
Diário do Estado: Como é a sua rotina de trabalho na Band FM de Coxim? Quais são os bastidores que o público não vê?
Samuel Oliveira: Minha rotina começa logo cedo, com o meu programa na Vale, o “Programa do Samuca”.
Ele vai das 7h às 8h30, e eu me divirto muito lá. Acho que não tem forma melhor de começar o dia.
E ao meio-dia, tenho meu outro programa na Band FM, chamado Band Cidade, que apresento junto com meu amigo Camilo Bressan, uma pessoa por quem tenho um carinho enorme e que me ensinou e ajudou muito a evoluir.
Sobre os bastidores, acho que o que resume tudo é a correria. Às vezes, os ouvintes acham que, nos intervalos, estamos de boa, mas aproveitamos esse tempo para organizar quais informações do dia são interessantes para ar, quais textos vamos falar, porque tudo precisa ser escolhido com muito critério. É uma responsabilidade enorme estar no nosso lugar propagando informações.
Diário do Estado: O que mais te motiva a continuar no ar todos os dias?
Samuel Oliveira: O que me motiva, com certeza, é o carinho e reconhecimento do meu trabalho. É sair na rua, encontrar meus ouvintes, ter um de perto, fora as participações diárias pelas redes sociais.
Acho todo esse contato próximo com as pessoas essencial, e é muito bom saber que nosso trabalho está alcançando muitos lugares que antigamente não atingíamos, graças à evolução do rádio.
Diário do Estado: Você acredita que o rádio local cumpre um papel importante na comunidade? De que forma isso se manifesta em Coxim?
Samuel Oliveira: Sim, acredito que o rádio é fundamental, cumprindo o seu papel importantíssimo de informar, trazer conteúdo e entretenimento de qualidade para a população.
O que seria de nós sem o rádio? Ele é o companheiro da dona de casa, do pessoal do comércio, da fazenda. Tem um papel enorme na vida das pessoas.
Um exemplo de situação em que o rádio cumpriu um papel muito legal em Coxim foi na apuração das eleições municipais, quando tivemos uma participação gigantesca dos ouvintes, não só diretamente pelo rádio, mas também pela nossa transmissão no YouTube.
Com certeza, o rádio é um grande veículo de comunicação e contribui muito para a sociedade coxinense.
Diário do Estado: Qual foi o programa ou projeto que você apresentou com mais orgulho até hoje na Band FM? Por quê?
Samuel Oliveira: Atualmente, participo de dois programas que me trazem muito orgulho e alegria, mas a Band FM tem um lugar especial no meu coração, porque fazer parte dela é a realização de um sonho de infância, que eu via como algo muito distante.
Então, o programa Band Cidade, que apresento com o Camilo Bressan, é motivo de muito orgulho e gratidão para mim.
Diário do Estado: Como você adapta a sua comunicação para se conectar com o público de Coxim e região?
Samuel Oliveira: Eu procuro fazer uma comunicação bem popular, sem muita formalidade, buscando falar a língua do povo, justamente para me conectar mais com as pessoas.
Diário do Estado: Com a popularização dos podcasts e das plataformas digitais, como você enxerga o futuro do rádio tradicional?
Samuel Oliveira: Hoje o rádio está ando por uma transformação. Temos vários outros meios de comunicação que tomaram seu espaço, principalmente os podcasts.
Mas nós, que somos do rádio, temos a obrigação de acompanhar a evolução da tecnologia.
Um exemplo prático dessa mudança é que, nos programas de entrevistas da rádio, praticamente os transformamos em podcasts.
Nossos ouvintes têm a opção de escutar a gente na rádio e acompanhar a transmissão ao vivo por outras plataformas, como YouTube e Facebook. Usamos essa evolução tecnológica a nosso favor.
E, sobre o futuro do rádio, enxergo um futuro brilhante. Acredito que o rádio vai seguir firme e forte, conquistando diversos outros espaços na sociedade.
Mas, para isso, precisamos ter a mente aberta e realmente usar a tecnologia a nosso favor, sem nos apegar tanto às “tradições”.
Diário do Estado: Você já pensou ou tem interesse em migrar ou complementar sua atuação com outras mídias, como podcast ou YouTube?
Samuel Oliveira: Talvez “migrar” não seja a palavra certa, mas com certeza já pensei em complementar minha atuação com outras mídias, principalmente depois que percebi que precisamos acompanhar essa evolução.
Então, aos poucos, venho mudando isso. Como disse anteriormente, busco transformar meus programas no formato de podcast, deixando tudo salvo para que as pessoas assistam quando e onde quiserem. Tenho interesse em usar isso para agregar ainda mais — e quem sabe um dia fazer um podcast voltado exclusivamente para as mídias sociais.
Diário do Estado: Na sua opinião, o que o rádio oferece que nenhuma outra mídia consegue entregar?
Samuel Oliveira: O rádio tem uma proximidade que nenhuma outra mídia consegue replicar.
Para muita gente, é uma companhia constante — seja no carro, em casa ou no trabalho — e fala direto com o ouvinte, no ritmo da vida real.
É instantâneo, ível e humano. A voz no rádio cria um laço de confiança, de intimidade, que não vemos da mesma forma em outras plataformas.
Diário do Estado: Como você vê a importância da voz na era atual, em que a imagem e o vídeo são tão valorizados?
Samuel Oliveira: A voz é extremamente essencial, independentemente das evoluções da era atual. A voz carrega muita emoção, credibilidade, e nos conecta com as pessoas de uma forma que, muitas vezes, uma imagem não consegue sozinha.
Principalmente com o crescimento dos podcasts, audiolivros, etc., podemos ver um verdadeiro renascimento da voz.
A imagem pode até chamar a atenção, mas é a voz que sustenta a imagem e cria o vínculo.
Diário do Estado: Quem foram ou ainda são suas maiores referências no mundo da locução e comunicação?
Samuel Oliveira: Tive como referência, no início da minha jornada como locutor, uma pessoa que eu escutava aqui na cidade: o saudoso “Tio Zé Potoca”. Ele fazia uma festa no rádio, tudo de forma manual, e essa criatividade me fez enxergá-lo como uma referência.
Diário do Estado: Como você se prepara antes de entrar no ar? Tem algum ritual ou técnica específica?
Samuel Oliveira: Antigamente, usávamos algumas técnicas para melhorar a voz, inclusive uma chamada técnica da caneta. Mas hoje em dia, não tenho nenhum ritual específico. A gente apenas tenta manter a saúde em dia e ter atenção com os alimentos que vamos consumir, etc.
Diário do Estado: Qual característica ou estilo você acredita que diferencia sua locução das demais?
Samuel Oliveira: Uma das características que acho que diferencia a minha locução é fazer algo mais informal. Me sinto conversando com amigos mesmo quando estou me comunicando com os ouvintes. Sempre busco agir com muita naturalidade.
Diário do Estado: Tem alguma situação engraçada ou curiosa que viveu no estúdio e que pode compartilhar com a gente?
Samuel Oliveira: Uma das situações engraçadas que vivi foi um dia em que estava fazendo a divulgação de uma empresa no programa Band Cidade.
Eu estava falando os valores promocionais, elogiando os preços, e de repente me deparei com o valor de um produto que estava muito caro. Não consegui disfarçar e acabei soltando minha opinião no ar. Esse dia é motivo de muitas risadas até hoje.
Diário do Estado: Que conselho você daria para quem está começando agora na área de locução ou sonha em trabalhar no rádio?
Samuel Oliveira: Meu conselho para quem quer começar é: buscar informação, estudar muito e fazer o que puder para se especializar na área. Inclusive fazer um curso de vendas, para conseguir conciliar tudo isso.
Mas não desista, corra atrás, procure uma oportunidade — se for pra ser, vai dar certo.
Diário do Estado: Depois de tantos anos no ar, qual é a principal lição que o rádio te ensinou, como profissional e como pessoa?
Samuel Oliveira: O rádio me ensinou muitas coisas. Foi como uma faculdade para mim.
Tudo eu aprendi na prática, sabe?
O rádio me ensinou a ser um ser humano melhor, a ter mais empatia pelas pessoas, já que, com o rádio, conheci diversas histórias e diferentes realidades que me moldaram para ser quem sou hoje. Eu, de fato, aprendi muito.
Afinal, comecei no rádio com 16 anos, e apesar de uma pausa nesse período, sigo aqui vivendo essa profissão linda. Se eu pudesse, com certeza faria tudo de novo!
Diário do Estado: Considerações finais:
Samuel Oliveira: Primeiro, quero agradecer a você, Glenda, e ao Diário do Estado, por me darem essa oportunidade de compartilhar um pouco da minha vida e da minha experiência na comunicação e no rádio.
Muito obrigado, Elô e Rubens Dantas — só tenho a agradecer a essa equipe.
Agora, quero agradecer ao Sr. Toninho e à Dona Tânia, que foram quem me deram a oportunidade de começar na rádio. Devo muito a eles.
E já aproveitando, agradeço muito ao Toni, que é o atual diretor, por continuar me dando a oportunidade de estar no rádio todos os dias. Ele é uma pessoa que me ajuda, me ensina muito e me faz crescer como profissional.
Também quero agradecer a toda a equipe da rádio, meus companheiros diários, que dividem essa jornada comigo e a tornam mais leve. E, claro, quero agradecer aos meus ouvintes, que são o combustível de tudo isso. Muito obrigado!
Confira a entrevista na integra: