sábado, 07 de junho, 2025
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Entrevistas da Semana
Adriana Nabhan,39 anos, casada há 10 anos com o policial militar Robson Parode, pais do Felipe de 9 anos e do recém chegado há 2 meses o pequeno Davi.
19 de julho de 2024
(Glenda Melo/ Diário do Estado)
Diário do Estado: Adriana, nos conte um pouco da sua história
Vereadora Adriana Nabhan: É uma longa história Glenda, sempre fui desde pequena uma criança que gostava de estudar, aplicada nos estudos, meus pais eram bem rigorosos quanto a isso, cobravam de mim e dos meus irmãos que nos dedicássemos aos estudos, minha falecida mãe sempre nos dizia que a maneira de vencer na vida era pelos estudos e meus pais mesmo humildes, minha mãe do lar e meu pai pescador conseguiu formar os 7 filhos, motivo de muito orgulho para nós, sou muito grata aos meus pais todo valor que eles me aram sobre a educação e sua importância, vidas são transformadas através dos estudos e eu e meus irmãos somos uma prova disso.
Diário do Estado: Você é uma pessoa muito ligada a sua família Adriana?
Vereadora Adriana Nabhan: Sou!!! Minha família é tudo de mais importante que eu tenho na vida, eu não sou nada sem eles, não conseguiria fazer absolutamente nada sem eles, meus pais tiveram 7 filhos e 1 infelizmente faleceu, nem posso dizer que somos poucos porque não somos, somos muitos, família propaganda de margarina mesmo, nos reunimos sempre, sempre que dá procuramos estar juntos, rimos juntos, falamos alto, cantamos juntos, choramos juntos, uma dor que tenho todos os dias é dos meus pais não estarem nesses momentos de alegria e união que existe entre nós, me sinto triste do meu pai não ter me visto vereadora, ele me apoiava em tudo, estava sempre ali, me olhando com aquele olhar horas de reprovação, hora com aquele olhar de: olha, é minha filha!!! É uma dor diária não tê-los mais comigo.
Diário do Estado: você acha que seus pais se estivessem vivos te apoiariam nesse caminho da política que você escolheu?
Vereadora Adriana Nabhan: Tenho certeza Glenda, meus pais queriam ver sempre seus filhos felizes, não importasse a escolha, desde que fosse um caminho honesto, meu pai se estivesse aqui estaria me acompanhando em tudo, ele era meu maior incentivador, minha mãe também estaria me dando conselhos, palpites e me ajudando na tarefas com as crianças, eu não perdi só meus pais Glenda, perdi meus melhores amigos, meus maiores incentivadores, as pessoas que sei entrariam na frente de espadas por mim. 2016 foi o pior ano da minha vida, meu pai faleceu, 6 meses depois faleceu minha mãe, não sei como ei tanta dor, senti meu coração dilacerado em perder tudo que era referência para mim de uma vez só, mas tenho certeza que eles estão juntos e orgulhosos da criação que eles me deram, e tudo que faço penso neles e que eu jamais quero envergonhar a memória deles.
Diário do Estado: Vamos mudar um pouco de assunto e vamos falar desse momento recente que você está vivendo da maternidade, a gravidez foi programada?
Vereadora Adriana Nabhan: Então Glenda(risos), não foi programada, não foi nada programado, ainda mais em um ano eleitoral, tendo que dividir a vida entre afazeres no legislativo, de esposa, mãe, dona de casa, mas recebemos como benção de Deus e Davi chegou para nos unir ainda mais.
Diário do Estado: Adriana, você é formada em direito e serviço social, qual papel da suas formações na sua vida?
Vereadora Adriana Nabhan: Glenda, meus pais sempre nos ensinaram o valor da bondade e honestidade, o olhar ao próximo, fomos criados em um lar que o amor pelo próximo, ajudar quem precisa, valorizar o que temos, foram os valores que meus irmãos e eu recebemos dos nossos pais, acredito que isso tenha me colocado neste lugar de olhar para o próximo e querer ajudar e transformar a realidade das pessoas da maneira que eu pudesse.
Diário do Estado: Vamos entrar na parte mais atual da sua vida, a entrada na vida pública, como foi? Você sempre teve interesse por política?
Vereadora Adriana Nabhan: De jeito nenhum, nunca gostei de política, meu pai sim, não gostava de política, de falar sobre política e conversas envolvendo esse assunto, até que entendi que a política está em tudo que fazemos, em uma ida ao supermercado e o preço das coisas, em uma ida ao posto de saúde, se remédios estão em falta nos postos, se temos ou não médicos nos hospitais, se as ruas estão em condições de tráfego, tudo isso é política, mas só hoje eu tenho essa percepção, mas foi no meu trabalho como assistente social antes de ser vereadora que eu realmente descobri que a política poderia ajudar na transformação que eu queria fazer para nossa gente de Coxim.
Diário do Estado: O que o serviço Social te mostrou que poderia ajudar na gestão pública?
Vereadora Adriana Nabhan: Tudo, eu ei a entender que as duas coisas caminham juntas e que o poder público pode ajudar muito mais oferecendo ferramentas e parcerias para que a população possa ser ajudada, vou te dar um exemplo Glenda: Eu no meu mandato como vereadora pude ir atrás de emendas com deputados estaduais e federais para Coxim, eu sem essa ferramenta política que é meu mandato teria mais dificuldade em trazer benefícios para população mais carente e para as necessidades da cidade, andamos em parcerias, ninguém faz nada sozinho, um mandato não sobrevive na individualidade, quem perde com egoísmo é o nosso povo, através do mandato de vereadora pude fazer muito mais por quem precisava.
Diário do Estado: E para uma pessoa que não gostava de política, como tentar uma cadeira na câmara municipal de Coxim caiu no seu colo?
Vereadora Adriana Nabhan: Recebi o 1° convite para entrar na vida pública do presidente do partido Republicanos de Coxim, André Márcio, mas por uma questão de identificação me filiei ao MDB e fui eleita em 2020 com 492 votos.
Diário do Estado: Sendo eleita, como foi chegar ao ambiente que você mesmo diz nunca ter gostado?
Vereadora Adriana Nabhan: Desafiador, minha mãe sempre me dizia uma coisa: “Adriana, as pessoas podem até querem te ver bem, mas nunca melhores que elas”, ei a entender essa fala da minha mãe quando tomei posse como vereadora, “eu era boba, ingênua, crua, achava que todo mundo ali queria meu bem, gostava de mim, eram amigos, comecei entender que quando você começa se sobressair você começa cultivar inimigos mesmo que essa não seja sua vontade, eu confiava nas pessoas, até que as coisas começaram a ficar mais claras para mim, e a política pode ajudar transformar vidas, mas também pode ser feia e um ambiente doente se você a a lutar por coisas pelas quais outras pessoas não compactuem com você, eu entrei entusiasmada, com gás, querendo fazer tudo para melhorar a vida do povo Coxinense, até entender que uns estão ali pelo status, pelo poder que o cargo lhes confere, e outros como eu estavam ali para amenizar e fazer a vida do povo um pouco melhor.
Diário do Estado: Adriana, todas as pessoas que entram para vida pública se espelham em alguém, principalmente os que estão começando agora, você se espelhou em alguém?
Vereadora Adriana Nabhan: Sim, no Maranhão, cidade que morei por alguns anos para estudar e muita gente não sabe disso, existe uma parlamentar, deputada estadual Daniela (PSB) que é inspiração para mim, ela representa a força da mulher na política, a força, os desafios da mulher, a necessidade da parlamentar mulher se fazer ser ouvida, ter voz, ter vez, a busca incansável por respeito e respaldo na política Brasileira que nós mulheres amos todos os dias, ela é incansável na luta por nossa legitimidade, é referência de força e obstinação.
Diário do Estado: Você já ou durante seu mandato por alguma situação de violência política?
Vereadora Adriana Nabhan: Infelizmente sim Glenda, mas eu não sabia que aquilo que fizeram comigo era violência política, e muitas vezes isso se repetiu até que foram me falar que aquilo que estavam fazendo comigo era um tipo de violência política contra mulher, eu achava que aquele comportamento era normal e não era.
Diário do Estado: Pode nos contar o que aconteceu?
Vereadora Adriana Nabhan: Bom, estávamos em um reunião preparatória para a sessão que aconteceria logo mais, eu estava com direito da fala, um colega homem, me interpelou, me interrompeu de maneira brusca, falando alto e de maneira grosseira, foi então que após ar por situações como aquela por vezes anteriores, eu me direcionei a ele e disse:” O senhor aguarde sua vez por favor e me deixa terminar a minha fala e por favor não me interrompa mais !” foi a primeira vez que eu consegui me impor após várias vezes em que fui “desrespeitada”.
Diário do Estado: Você se arrepende de alguma coisa Adriana?
Vereadora Adriana Nabhan: Me arrependo de ter sido ingênua e ter acreditado que as pessoas tinham por mim a mesma consideração que eu tinha com elas, hoje estou mais madura, entendendo meu papel ali dentro da Câmara municipal, meu compromisso é com o povo, com as pessoas que me elegeram, eles devem ser minha prioridade e aquela Adriana ingênua que entrou ali hoje não existe mais, estou mais consciente do meu papel e que a opinião que realmente importa é do eleitor que me confiou seu voto.
Diário do Estado: Falando de conquistas do seu mandato, vamos falar de algumas que você considera importantes.
Vereadora Adriana Nabhan: Foram tantas e tão importantes, meu mandato através de parcerias importantes conseguiu 6 carros para Coxim, prédio novo para nossa secretaria de assistência social, galeria rosa para homenagear e reconhecer as nossas vereadoras mulheres que já aram pela câmara de Coxim e merecem esse reconhecimento, obras de infraestrutura, emendas impositivas, parques para nossas crianças em vários pontos da nossa cidade, autora de várias leis aprovadas para Coxim, entre elas a que instituiu a campanha agosto lilás para Coxim, semana municipal de combate ao abuso e exploração sexual, criação do programa cidade limpa, Dia do Nordestino, Sinal vermelho contra a violência doméstica visando proteger nossas mulheres Coxinenses vítimas de violência doméstica entre outras, meu mandato preza pela qualidade, por trazer o máximo de melhorias para Coxim, é assim que tenho trabalhado e ainda quero continuar trabalhando, se a população Coxinense achar que mereço continuar meu trabalho.
Diário do Estado: Adriana, de 0 a 10 avalie seu mandato
Vereadora Adriana Nabhan: Sem falsa modéstia Glenda, dou nota 10 e essa nota é por ter certeza que não me acomodei e corri atrás de melhorias para nossa população e trouxe sim grandes melhorias para nossa cidade, contribui com a istração do prefeito dr Edilson Magro e ainda tenho muito mais por fazer pela cidade.
Diário do Estado: Adriana, você ou por um momento delicado agora durante sua gestação do Davi, você me disse que na câmara municipal de Coxim não existe no regimento que permite que a mulher vereadora se afaste do cargo durante a gravidez e após o parto, como foi ar por isso?
Vereadora Adriana Nabhan: Glenda, foi bastante estarrecedor para mim saber que nós, mulheres vereadoras não tínhamos o direito de nos afastarmos nesse período de gravidez e não temos direito a licença maternidade como tantas outras mulheres, trabalhei durante toda minha gestação e 30 dias após o parto já retornei aos trabalhos na câmara e uma das minhas pautas será essa, que o regimento interno apoie e reconheça os direitos da mulher gestante.
Diário do Estado: Um dos seus projetos de leis mais novos é sobre os pontos de ônibus em Coxim como vai funcionar?
Vereadora Adriana Nabhan: Coxim não possui rede de ônibus para transporte, mas possui os ônibus que buscam e levam estudantes para as escolas e universidades locais e zona rural, muitos desses pontos em que os estudantes esperam o ônibus não possuem a mínima estrutura, se quer uma cobertura para que os alunos se protejam do sol e do mal tempo, então a ideia é implantar esses pontos em locais que são os pontos onde os alunos aguardam para que os ônibus os peguem dando a mínima condição para que possam aguardar com mínimo de conforto, sentados e que não fiquem expostos ao sol escaldante de Coxim e ao mal tempo.
Diário do Estado: Quais locais esses pontos serão instalados?
Vereadora Adriana Nabhan: Pontos estratégicos da cidade, aqueles que são rotas para os ônibus, bairros estes: Vale do Taquari, Vila Mariana, Senhor Divino, BNH, e demais localidades que houver necessidade, lembrando que todos com ibilidade.
Diário do Estado: As lixeiras hoje espalhadas em toda cidade também foram frutos de projetos de leis de sua autoria certo?
Vereadora Adriana Nabhan: Sim Glenda, nossa cidade precisava desse carinho e para que pudéssemos educar nossa população na questão ambiental, jogar lixo no lixo ainda é uma tarefa difícil em muitas cidades brasileiras e nós que somos uma cidade turística precisamos deixar uma boa impressão para todos os turistas que cheguem aqui, uma cidade limpa, bem sinalizada e sinal de progresso, de organização, portanto, manter a cidade limpa também é uma responsabilidade não só do poder público mas também de cada morador, a cidade não possuía lixeiras e ajudar nessa transformação da nossa cidade também foi uma vitória do nosso mandato.
Diário do Estado: Você falou acima do potencial turístico de Coxim, para você, o que está faltando para fomentar ainda mais o turismo na cidade?
Vereadora Adriana Nabhan: Sem dúvida publicidade Glenda, publicidade e mídias fazem uma grande diferença nos tempos atuais, porque sabemos da importância da informação hoje para o crescimento e desenvolvimento de toda cidade e aqui não é diferente, para expandir é preciso divulgar.
Diário do Estado: Como é a Vereadora Adriana Nabhan quando está em casa e não está no seu papel de vereadora?
Vereadora Adriana Nabhan: Eu sou uma pessoas que gosta do meu canto Glenda, minha casa, minha família, moro na beira do rio na mesma casa que crescemos e a casa que meus pais viveram, gosto de pescar, fazer a comida para minha família, fazer a tarefa com meu filho Felipe, assistir tv juntos, preparar a comida que meu marido gosta, cuidar da minha casa, receber minha família e amigos em casa, eu sou feliz com as coisas simples da vida, crescemos na simplicidade, e quero criar meus filhos da mesma forma que fui criada, para que eles cresçam dando valor nas coisas que o dinheiro não pode comprar, como família, amor, união, amizades sinceras, saber com quem contar, reconhecer aqueles que nos amam verdadeiramente, independente do cargo que ocupamos, cargos são temporários e o poder transitório, o que fazemos de bom aqui que marcam realmente nossas vidas.
Bate Bola com Adriana
Diário do Estado: Adriana, vamos fazer um bate-bola, topa?
Vereadora Adriana Nabhan: Bora Glenda !!!!
Diário do Estado: uma música?
Vereadora Adriana Nabhan: Velha infância (os tribalhistas)
Diário do Estado: Um lugar?
Vereadora Adriana Nabhan: Minha casa
Diário do Estado: Uma saudade?
Vereadora Adriana Nabhan: Meus pais
Diário do Estado: Um sonho?
Vereadora Adriana Nabhan: Continuar sendo feliz e ajudar o próximo.
Diário do Estado: Um dia feliz é?
Vereadora Adriana Nabhan: Estar com as pessoas que me fazem bem
Diário do Estado: Um dia triste é?
Vereadora Adriana Nabhan: Quando recebo uma notícia ruim
Diário do Estado: Uma raiva é?
Vereadora Adriana Nabhan: Quando vejo ingratidão
Diário do Estado: Um dia perfeito é?
Vereadora Adriana Nabhan: Quando estou com a minha família
Diário do Estado: Uma lembrança?
Vereadora Adriana Nabhan: São Luiz do Maranhão
Diário do Estado: Uma comida?
Vereadora Adriana Nabhan: Peixe
Diário do Estado: Uma cor?
Vereadora Adriana Nabhan: Amarelo
Diário do Estado: Um sentimento?
Vereadora Adriana Nabhan: Gratidão
Diário do Estado: Uma gratidão?
Vereadora Adriana Nabhan: Todos que me ajudaram até aqui
Diário do Estado: Gostaria que você deixasse uma mensagem final para a população Coxinense.
Vereadora Adriana Nabhan: Gostaria de agradecer do fundo do coração por essa oportunidade de contar um pouco sobre a Adriana que as pessoas não conhecem, a Adriana irmã, mãe, esposa, dona de casa, apesar de não tê-los mais fisicamente, mas filha que ainda segue os conselhos dos pais, a Adriana que chora, sente medo, joga bola, anda descalço, pega na enxada e ajuda o marido nas tarefas diárias com os cuidados da casa, que chora de alegria e tristeza, que se alegra e se decepciona, uma Adriana que sempre tenta deixar o melhor por onde a, que erra muito também mas que sempre está ali para um amigo que precisa, que está pronta para cuidar do próximo mesmo que esse próximo seja um desconhecido. Essa é a Adriana que poucos conhecem, eu sou a “Dri” que ri alto, que gosta de dançar e ser feliz e principalmente eu sou a Dri que ainda têm muito para fazer por essa gente que eu amo, meu povo Coxinense, quero agradecer a oportunidade de estar aqui e falar para Coxim da maneira que eu talvez nunca tenha falado, obrigada ao jornal Diário do Estado por me deixarem contar um pouquinho de mim, da minha história e do meu mandato. Grande abraço para todo Coxinense e que jamais nos esqueçamos que BOM MESMO É COXIM !!!!
Entrevista
Nossa entrevista da semana é com uma mulher que carrega, em cada gesto e palavra, a delicadeza e a força de quem escolheu cuidar da mente e da alma das pessoas. Recebemos com muito...
6 de junho de 2025
Nossa entrevista da semana é com uma mulher que carrega, em cada gesto e palavra, a delicadeza e a força de quem escolheu cuidar da mente e da alma das pessoas.
Recebemos com muito carinho a médica Camila Molina Kern, de 37 anos, psiquiatra formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, uma profissional dedicada, que faz da escuta e do acolhimento as bases do seu trabalho.
Mas, além da médica, conhecemos também a mulher, a esposa e a mãe: Camila é casada com o também médico Felipe Gomes Ferreira, com quem construiu uma linda família. Juntos, são pais do Matheus, de 7 anos, e da pequena Maitê, de 3 anos, dois grandes amores que, segundo ela, dão ainda mais sentido à sua missão de cuidar das pessoas.
Hoje, vamos conversar sobre sua trajetória, os desafios e encantos da psiquiatria, e sobre o equilíbrio entre a profissão e a maternidade. Seja muito bem-vinda, doutora Camila é uma alegria ter você conosco!
Diário do Estado: Como a senhora definiria saúde mental e qual a sua importância na vida cotidiana?
Dra. Camila: Saúde mental é um conjunto de aspectos da vida emocional, social, psicológica que afeta a forma como interpretamos, sentimos e nos comportamos.
Diário do Estado: Quais são os principais fatores que influenciam a saúde mental de uma pessoa?
Dra. Camila: Autoconhecimento seria o principal fator, seguido de capacidade de lidar com emoções ditas negativas, como tristeza e raiva e sem dúvida, manter relacionamentos saudáveis (não me refiro a relacionamentos românticos apenas, mas amizades e vínculos familiares).
Diário do Estado: Quais as diferenças fundamentais entre um transtorno psiquiátrico e uma fase difícil da vida?
Dra. Camila: Fase difícil da vida é um processo absolutamente natural e esperado, tende a ser ageiro e não afeta significativamente a capacidade de trabalho, interação social, sono e apetite. Já os transtornos mentais são patológicos, ou seja, interferem significativamente na qualidade de vida do paciente, e tendem a piorar com o ar do tempo se não houver intervenção adequada.
Diário do Estado: Como é realizado o diagnóstico de um transtorno psiquiátrico? Quais critérios são utilizados?
Dra. Camila: Os critérios diagnósticos variam conforme a doença, mas seguem manuais validados internacionalmente. Atualmente utilizamos o DSM 5. Para isso são realizadas avaliações clinicas durante os atendimentos e caso haja indicação também podem ser solicitados exames complementares.
Diário do Estado: Quais são os principais tratamentos disponíveis atualmente para as doenças psiquiátricas?
Dra. Camila: Medicamentos e psicoterapia são amplamente estudados e validados como ferramentas altamente eficazes para uma ampla gama de doenças.
Diário do Estado: Qual é o papel da medicação no tratamento de transtornos mentais? E qual o papel da psicoterapia?
Dra. Camila: São complementares, na maioria das vezes essas duas modalidades de tratamento são necessárias para alcançar um controle eficaz das doenças.
Diário do Estado: Como saber quando é a hora certa de procurar ajuda psiquiátrica?
Dra. Camila: Quando perceber que existe um prejuízo em sua qualidade de vida, quando perceber que as estratégias adotadas por iniciativa própria não estão sendo eficazes, quando o tempo de sofrimento está muito arrastado.
Diário do Estado: Quais são os transtornos psiquiátricos mais comuns no Brasil atualmente? E em Coxim a maioria dos seus atendimentos, pacientes, quais os maiores encaminhamentos?
Dra. Camila: Os transtornos psiquiátricos mais comuns no Brasil seguem os mesmos padrões observados no restante do mundo, com algumas particularidades ligadas a fatores socioeconômicos. Em primeiro lugar estão os transtornos de ansiedade como transtorno de ansiedade generalizada, fobias, transtorno de pânico; seguidos por transtorno depressivo e na sequência transtornos por uso de substancias. Em Coxim observo a mesma prevalência citada acima.
Diário do Estado: O que caracteriza a depressão e como ela pode ser diferenciada de uma tristeza comum?
Dra. Camila: Apesar de compartilharem alguns aspectos são condições muito distintas. A tristeza é uma condição normal e ageira e frequentemente apresenta um gatilho identificável. Além disso a pessoa consegue manter sua funcionalidade, mesmo que com alguma dificuldade. Na depressão existe um prejuízo significativo, duradouro, podendo interferir em sono, apetite, pensamentos, capacidade de trabalho, podendo ainda levar a pensamentos suicidas. Na depressão nem sempre existe um fator desencadeante identificável.
Diário do Estado: A ansiedade está cada vez mais presente na sociedade. Quais são os sinais de que ela se tornou um transtorno?
Dra. Camila: Sentir-se ansioso eventualmente é fisiológico, ou seja, normal e saudável, pois é uma resposta do corpo a um estimulo estressor. Quando se observa uma recorrência frequente dessa sensação, ou quando ela se torna muito intensa a ponte de atrapalhar sua vida cotidiana pode se tratar de uma doença.
Diário do Estado: Quais são os principais desafios no diagnóstico e tratamento da esquizofrenia?
Dra. Camila: Acredito que o maior desafio esteja ligado a questões culturais, preconceitos, que atrasam ou impedem o correto e precoce tratamento, que fará toda a diferença na evolução da doença.
Diário do Estado: Como o transtorno bipolar se manifesta e qual é a importância do tratamento contínuo?
Dra. Camila: O transtorno bipolar é uma doença bastante complexa, que apresenta diversas formas de manifestação, mas para facilitar o entendimento a resumimos como uma doença que é caracterizada por oscilações entre fases de depressão e hipo/mania, sendo necessário que o paciente fique algumas semanas mantendo as características de um destes polos. A importância do tratamento contínuo visa a estabilização do humor para que a pessoa tenha uma vida absolutamente normal, sem sintomas.
Diário do Estado: Quais medidas podem ser adotadas para prevenir transtornos psiquiátricos?
Dra. Camila: Hábitos simples como o investimento em vínculos afetivos saudáveis, a prática de atividades físicas, investimento em sono de qualidade, alimentação equilibrada, evitar consumo de álcool ou demais substancias psicoativas e prática de meditação funcionam como um excelente arsenal para evitar o adoecimento. Não se trata de evitar todo tipo de sofrimento emocional possível, mas sim de desenvolver ferramentas de enfrentamento.
Diário do Estado: Como a sociedade pode combater o estigma relacionado às doenças mentais?
Dra. Camila: Acredito que atitudes como a sua, de convidar um profissional da área para falar sobre o assunto, ajudam a desmistificar a ideia de que doença mental é sinônimo de loucura.
Diário do Estado: Qual a importância das redes de apoio (família, amigos, comunidade) na recuperação de pacientes com transtornos mentais?
Dra. Camila: Essas são as primeiras estruturas que a pessoa adoecida encontrará para enfrentar a doença, portanto são de suma importância, devendo encorajar seu ente querido a buscar ajuda o mais breve possível e evitar emitir julgamentos ou falas preconceituosas.
Diário do Estado: De que forma a cultura e a sociedade influenciam na percepção e no tratamento das doenças psiquiátricas?
Dra. Camila: A percepção cultural sobre o que é normal ou patológico influencia a forma como os sintomas são interpretados e até a forma de buscar ajuda. Já escutei diversas vezes de pacientes que demoraram a iniciar o tratamento por considerar que psiquiatra deve ser acionado somente em última instância, após terem esgotado todas as outras tentativas. Algumas sociedades interpretam sintomas psicóticos como possessões e sintomas depressivos ou ansiosos como falhas espirituais ou morais.
Diário do Estado: Como a pandemia de COVID-19 impactou a saúde mental da população?
Dra. Camila: Trouxe um impacto profundo na saude mental da população mundial, devido a fatores como isolamento social, medo do adoecimento, morte de entes queridos, perdas financeiras e sensação de incerteza prolongada. De acordo com a OMS houve um aumento de no mínimo 25% dos transtornos ansiosos e depressivos.
Diário do Estado: Quais são os principais desafios que a psiquiatria enfrenta atualmente?
Dra. Camila: Acredito que os principais desafios estejam ligados ao o escasso de serviços de qualidade. As filas para consultas em serviços públicos são longas, muitas vezes sem profissionais treinados. Além disso os medicamentos raramente são encontrados na rede publica, o que dificulta ainda mais o amplo o da população a um tratamento digno e eficaz.
Diário do Estado: Como a senhora vê o futuro da psiquiatria, considerando os avanços tecnológicos e científicos?
Dra. Camila: Muito tem se investido em estudos e avanços tecnológicos que facilitem e tornem mais precisos os diagnósticos e tratamentos psiquiátricos, mas acredito que nada substituirá a necessidade de acolhimento, empatia e vinculo que somente um bom profissional pode proporcionar aos seus pacientes.
Diário do Estado: Que mensagem a senhora gostaria de deixar para quem enfrenta problemas de saúde mental, mas ainda sente medo ou vergonha de procurar ajuda?
Dra. Camila: Diria que as doenças mentais são como outra qualquer, ou seja, levam a alterações em estruturas e bioquímica cerebral, portanto, assim como você procuraria um ortopedista para tratar um osso quebrado, um psiquiatra vai cuidar do seu adoecimento psíquico. É natural sentir receio das coisas que não conhecemos bem, mas procurando um profissional que te traga segurança, te faça sentir respeitado e demonstre possuir o conhecimento adequado fará uma grande diferença em sua qualidade de vida.
Diário do Estado: Suas considerações finais para o Jornal Diário do Estado
Dra. Camila: Gostaria de parabenizar ao jornal Diário do estado pela iniciativa em falar sobre adoecimento mental, ajudando a reduzir o estigma e o sofrimento das pessoas que lidam com esta dor. Também quero agradecer ao espaço que me foi oferecido e dizer que estou muito satisfeita em trazer esses esclarecimentos a população coxinense.
Confira a Entrevista na Integra:
Entrevista
Nosso entrevistado da semana é um dos profissionais mais respeitados em seu segmento em Coxim e exemplo de dedicação pela profissão. Samuel Severino Oliveira, 51...
30 de maio de 2025
Nosso entrevistado da semana é um dos profissionais mais respeitados em seu segmento em Coxim e exemplo de dedicação pela profissão.
Samuel Severino Oliveira, 51 anos, formado em Marketing, casado com Marileide Vaz, Locutor e empreendedor, pai de 3 filhos Tainá, Eduardo e Maria Clara.
Com 36 anos de dedicação ao rádio, Samuel Oliveira se tornou muito mais do que um locutor: ele é um símbolo de credibilidade, carisma e amor pela profissão. Sua trajetória é feita de histórias inesquecíveis, desafios superados, e um compromisso inabalável com a informação, a música e a companhia diária aos ouvintes.
Samuel sem dúvida é uma das figuras mais queridas e respeitadas de Coxim, fazendo o que mais ama: comunicar, emocionar e transformar o cotidiano das pessoas através da força da sua voz.
Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre o homem por trás do microfone, suas memórias, aprendizados e a visão de quem dedicou mais de três décadas a esse meio tão poderoso e essencial.
Diário do Estado: Como nasceu a sua paixão pelo rádio e pela locução? Você se lembra do momento em que decidiu seguir essa carreira?
Samuel Oliveira: Minha paixão pelo rádio surgiu muito cedo, acredito que entre os meus 14 e 15 anos.
Nessa idade, eu gostava muito de uma rádio que havia lá em Campo Grande, e tinha um locutor em específico que eu irava demais! Me lembro que, sempre que ia a Campo Grande, fazia questão de gravar a voz dele, gravar as músicas dessa rádio, etc.
E com toda essa inspiração, comecei com uma brincadeira, em um aparelho de som conhecido na época como “3 em 1”. Nele, eu conectava um microfone, me juntava com um amigo que também se interessava por essa área da comunicação e a gente brincava de fazer as famosas paqueras. Levamos esse atempo até para o restaurante onde trabalhávamos na época, e agíamos como se realmente fôssemos locutores.
E foi nesse mesmo restaurante que conheci a Rosi Paiva, que era a gerente da rádio na época. Eu disse a ela que tinha muito interesse nessa área e ela falou para eu ar na rádio e gravar um piloto. E foi aí que tudo começou.
Fui aprovado e meu primeiro programa era das 20h às 00h. Comecei sem experiência nenhuma, mas com muito interesse em aprender.
Diário do Estado: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua trajetória como locutor?
Samuel Oliveira: Acho que os principais desafios vinham do fato de que a gente tinha pouco o à informação, pouco contato com as rádios de fora, como as de São Paulo, que eram referência para todas as rádios.
Naquela época, não existia um curso, por exemplo, para a gente se aperfeiçoar. Aprendemos tudo na raça mesmo, e acredito que, se fosse nos tempos de hoje, essa jornada seria um pouco mais leve.
Diário do Estado: Nestes mais de 20 anos de carreira, qual foi o momento mais marcante ou emocionante para você?
Samuel Oliveira: Tive vários momentos muito marcantes e de muita emoção, mas um que me marcou foi saber que conseguimos ajudar cerca de 110 famílias, na época, através de uma campanha que fizemos para arrecadar cestas básicas, que durou cerca de dois anos.
Outro momento marcante foi o falecimento da minha mãe. Quando aconteceu, eu estava ao vivo no programa e meu irmão tentava de todas as formas falar comigo, até que conseguiu, já no final do programa.
Diário do Estado: Como você vê a evolução do rádio desde que começou a trabalhar até hoje? O que mudou na forma de comunicar?
Samuel Oliveira: A evolução do rádio é tremenda. Antigamente, tínhamos que fazer tudo manualmente, com os aparelhos todos analógicos.
Dava realmente muito trabalho fazer um programa naquela época, já que tudo era manual.
As propagandas que tínhamos que soltar eram através de fitas, cartucheiras.
E tudo era feito com discos de vinil. Tínhamos uma programadora, que era uma pessoa contratada só para fazer a programação.
Então, se eram 12 músicas para tocar no programa, eu chegava e haviam 12 discos separados, que iam para o sonoplasta, e ele era encarregado de cuidar dessa parte de colocar as músicas e as propagandas, e eu ficava com uma via de tudo para a gente conduzir o programa.
Mas, às vezes, tínhamos que fazer um programa sozinhos.
Então, numa situação dessas, eu precisava narrar o programa, trocar disco, trocar propaganda — praticamente fazer tudo ao mesmo tempo.
Por isso, às vezes, brinco que os locutores de hoje em dia são todos “nutelas”, porque, de fato, hoje um computador faz quase tudo. Então o rádio basicamente mudou da água para o vinho.
Diário do Estado: Quais habilidades considera essenciais para quem quer ser um bom locutor atualmente?
Samuel Oliveira: A nossa forma de se comunicar mudou muito. Antigamente, tínhamos uma visão de que os bons locutores tinham que ter uma voz super grossa, até porque eles eram as nossas referências da época.
Acredito que, hoje em dia, o essencial é você ser carismático, saber tratar bem as pessoas, ter muita empatia e carinho. Até porque hoje temos muita facilidade de interação com os ouvintes, por meio das redes sociais, então você acaba criando uma relação muito próxima.
Me lembro que, antigamente, nossa forma de se comunicar com os ouvintes era através de cartas escritas à mão, que eles deixavam em um ponto de coleta, e a gente recebia entre 30 a 60 dias depois.
Então, hoje em dia, com toda essa tecnologia, é esperado que você seja uma pessoa atenciosa e carismática.
Diário do Estado: Como é a sua rotina de trabalho na Band FM de Coxim? Quais são os bastidores que o público não vê?
Samuel Oliveira: Minha rotina começa logo cedo, com o meu programa na Vale, o “Programa do Samuca”.
Ele vai das 7h às 8h30, e eu me divirto muito lá. Acho que não tem forma melhor de começar o dia.
E ao meio-dia, tenho meu outro programa na Band FM, chamado Band Cidade, que apresento junto com meu amigo Camilo Bressan, uma pessoa por quem tenho um carinho enorme e que me ensinou e ajudou muito a evoluir.
Sobre os bastidores, acho que o que resume tudo é a correria. Às vezes, os ouvintes acham que, nos intervalos, estamos de boa, mas aproveitamos esse tempo para organizar quais informações do dia são interessantes para ar, quais textos vamos falar, porque tudo precisa ser escolhido com muito critério. É uma responsabilidade enorme estar no nosso lugar propagando informações.
Diário do Estado: O que mais te motiva a continuar no ar todos os dias?
Samuel Oliveira: O que me motiva, com certeza, é o carinho e reconhecimento do meu trabalho. É sair na rua, encontrar meus ouvintes, ter um de perto, fora as participações diárias pelas redes sociais.
Acho todo esse contato próximo com as pessoas essencial, e é muito bom saber que nosso trabalho está alcançando muitos lugares que antigamente não atingíamos, graças à evolução do rádio.
Diário do Estado: Você acredita que o rádio local cumpre um papel importante na comunidade? De que forma isso se manifesta em Coxim?
Samuel Oliveira: Sim, acredito que o rádio é fundamental, cumprindo o seu papel importantíssimo de informar, trazer conteúdo e entretenimento de qualidade para a população.
O que seria de nós sem o rádio? Ele é o companheiro da dona de casa, do pessoal do comércio, da fazenda. Tem um papel enorme na vida das pessoas.
Um exemplo de situação em que o rádio cumpriu um papel muito legal em Coxim foi na apuração das eleições municipais, quando tivemos uma participação gigantesca dos ouvintes, não só diretamente pelo rádio, mas também pela nossa transmissão no YouTube.
Com certeza, o rádio é um grande veículo de comunicação e contribui muito para a sociedade coxinense.
Diário do Estado: Qual foi o programa ou projeto que você apresentou com mais orgulho até hoje na Band FM? Por quê?
Samuel Oliveira: Atualmente, participo de dois programas que me trazem muito orgulho e alegria, mas a Band FM tem um lugar especial no meu coração, porque fazer parte dela é a realização de um sonho de infância, que eu via como algo muito distante.
Então, o programa Band Cidade, que apresento com o Camilo Bressan, é motivo de muito orgulho e gratidão para mim.
Diário do Estado: Como você adapta a sua comunicação para se conectar com o público de Coxim e região?
Samuel Oliveira: Eu procuro fazer uma comunicação bem popular, sem muita formalidade, buscando falar a língua do povo, justamente para me conectar mais com as pessoas.
Diário do Estado: Com a popularização dos podcasts e das plataformas digitais, como você enxerga o futuro do rádio tradicional?
Samuel Oliveira: Hoje o rádio está ando por uma transformação. Temos vários outros meios de comunicação que tomaram seu espaço, principalmente os podcasts.
Mas nós, que somos do rádio, temos a obrigação de acompanhar a evolução da tecnologia.
Um exemplo prático dessa mudança é que, nos programas de entrevistas da rádio, praticamente os transformamos em podcasts.
Nossos ouvintes têm a opção de escutar a gente na rádio e acompanhar a transmissão ao vivo por outras plataformas, como YouTube e Facebook. Usamos essa evolução tecnológica a nosso favor.
E, sobre o futuro do rádio, enxergo um futuro brilhante. Acredito que o rádio vai seguir firme e forte, conquistando diversos outros espaços na sociedade.
Mas, para isso, precisamos ter a mente aberta e realmente usar a tecnologia a nosso favor, sem nos apegar tanto às “tradições”.
Diário do Estado: Você já pensou ou tem interesse em migrar ou complementar sua atuação com outras mídias, como podcast ou YouTube?
Samuel Oliveira: Talvez “migrar” não seja a palavra certa, mas com certeza já pensei em complementar minha atuação com outras mídias, principalmente depois que percebi que precisamos acompanhar essa evolução.
Então, aos poucos, venho mudando isso. Como disse anteriormente, busco transformar meus programas no formato de podcast, deixando tudo salvo para que as pessoas assistam quando e onde quiserem. Tenho interesse em usar isso para agregar ainda mais — e quem sabe um dia fazer um podcast voltado exclusivamente para as mídias sociais.
Diário do Estado: Na sua opinião, o que o rádio oferece que nenhuma outra mídia consegue entregar?
Samuel Oliveira: O rádio tem uma proximidade que nenhuma outra mídia consegue replicar.
Para muita gente, é uma companhia constante — seja no carro, em casa ou no trabalho — e fala direto com o ouvinte, no ritmo da vida real.
É instantâneo, ível e humano. A voz no rádio cria um laço de confiança, de intimidade, que não vemos da mesma forma em outras plataformas.
Diário do Estado: Como você vê a importância da voz na era atual, em que a imagem e o vídeo são tão valorizados?
Samuel Oliveira: A voz é extremamente essencial, independentemente das evoluções da era atual. A voz carrega muita emoção, credibilidade, e nos conecta com as pessoas de uma forma que, muitas vezes, uma imagem não consegue sozinha.
Principalmente com o crescimento dos podcasts, audiolivros, etc., podemos ver um verdadeiro renascimento da voz.
A imagem pode até chamar a atenção, mas é a voz que sustenta a imagem e cria o vínculo.
Diário do Estado: Quem foram ou ainda são suas maiores referências no mundo da locução e comunicação?
Samuel Oliveira: Tive como referência, no início da minha jornada como locutor, uma pessoa que eu escutava aqui na cidade: o saudoso “Tio Zé Potoca”. Ele fazia uma festa no rádio, tudo de forma manual, e essa criatividade me fez enxergá-lo como uma referência.
Diário do Estado: Como você se prepara antes de entrar no ar? Tem algum ritual ou técnica específica?
Samuel Oliveira: Antigamente, usávamos algumas técnicas para melhorar a voz, inclusive uma chamada técnica da caneta. Mas hoje em dia, não tenho nenhum ritual específico. A gente apenas tenta manter a saúde em dia e ter atenção com os alimentos que vamos consumir, etc.
Diário do Estado: Qual característica ou estilo você acredita que diferencia sua locução das demais?
Samuel Oliveira: Uma das características que acho que diferencia a minha locução é fazer algo mais informal. Me sinto conversando com amigos mesmo quando estou me comunicando com os ouvintes. Sempre busco agir com muita naturalidade.
Diário do Estado: Tem alguma situação engraçada ou curiosa que viveu no estúdio e que pode compartilhar com a gente?
Samuel Oliveira: Uma das situações engraçadas que vivi foi um dia em que estava fazendo a divulgação de uma empresa no programa Band Cidade.
Eu estava falando os valores promocionais, elogiando os preços, e de repente me deparei com o valor de um produto que estava muito caro. Não consegui disfarçar e acabei soltando minha opinião no ar. Esse dia é motivo de muitas risadas até hoje.
Diário do Estado: Que conselho você daria para quem está começando agora na área de locução ou sonha em trabalhar no rádio?
Samuel Oliveira: Meu conselho para quem quer começar é: buscar informação, estudar muito e fazer o que puder para se especializar na área. Inclusive fazer um curso de vendas, para conseguir conciliar tudo isso.
Mas não desista, corra atrás, procure uma oportunidade — se for pra ser, vai dar certo.
Diário do Estado: Depois de tantos anos no ar, qual é a principal lição que o rádio te ensinou, como profissional e como pessoa?
Samuel Oliveira: O rádio me ensinou muitas coisas. Foi como uma faculdade para mim.
Tudo eu aprendi na prática, sabe?
O rádio me ensinou a ser um ser humano melhor, a ter mais empatia pelas pessoas, já que, com o rádio, conheci diversas histórias e diferentes realidades que me moldaram para ser quem sou hoje. Eu, de fato, aprendi muito.
Afinal, comecei no rádio com 16 anos, e apesar de uma pausa nesse período, sigo aqui vivendo essa profissão linda. Se eu pudesse, com certeza faria tudo de novo!
Diário do Estado: Considerações finais:
Samuel Oliveira: Primeiro, quero agradecer a você, Glenda, e ao Diário do Estado, por me darem essa oportunidade de compartilhar um pouco da minha vida e da minha experiência na comunicação e no rádio.
Muito obrigado, Elô e Rubens Dantas — só tenho a agradecer a essa equipe.
Agora, quero agradecer ao Sr. Toninho e à Dona Tânia, que foram quem me deram a oportunidade de começar na rádio. Devo muito a eles.
E já aproveitando, agradeço muito ao Toni, que é o atual diretor, por continuar me dando a oportunidade de estar no rádio todos os dias. Ele é uma pessoa que me ajuda, me ensina muito e me faz crescer como profissional.
Também quero agradecer a toda a equipe da rádio, meus companheiros diários, que dividem essa jornada comigo e a tornam mais leve. E, claro, quero agradecer aos meus ouvintes, que são o combustível de tudo isso. Muito obrigado!
Confira a entrevista na integra: