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Orgulhos Coxinenses: Geraldo Mochi e Dona Didi 6h6d6z

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23 de maio de 2025

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Gessica Oliveira

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Geraldo Mochi 2ik5x

Geraldo Mochi nasceu em 05 de abril de 1938, em Itápolis-SP, filho de Antônio Mochi e Luiza Regina Gallo, com seis irmãos. Foi alfabetizado na escola “Grupão do Jatobazeiro”, onde despertou seu amor pela poesia ao declamar “O Trabalho”, de Olavo Bilac. Aos 11 anos já escrevia versos, aprimorando-se com o tempo.
Aos 15 anos começou a conduzir boiadas entre MG e SP, e aos 18 ou a dirigir caminhões, profissão que exerceu por mais de 20 anos, conhecendo vários estados do Brasil. Cumpriu o serviço militar em sua cidade, no Tiro de Guerra TG-22.
Casou-se em 1961 com Amélia Vieira Mochi, com quem teve cinco filhas: Rosália, Rosilene, Rosangela, Rosemary e Rosemara. No final dos anos 50, ou a declamar poesias em programas de rádio em Itápolis, incluindo apresentações ao vivo em auditórios, o que o levou a auxiliar radialistas e adquirir experiência na área.
Em 1958, mudou-se com a família para Campina da Lagoa-PR, onde morou por 22 anos. Lá foi eleito vereador por três mandatos consecutivos, participou da emancipação do município e compôs o hino da cidade com o maestro Sisenando Moura. Já escrevia poesias que mostrava apenas a familiares e amigos próximos.
Também em Campina da Lagoa, iniciou sua trajetória como empresário, divulgando os produtos da farinheira que istrava no programa de rádio “Geraldo Mochi Show”, em Ubiratã-PR. Teve destaque como comunicador e organizador de eventos, promovendo shows de calouros e, em 1978, apresentando a dupla Tonico e Tinoco, sendo elogiado como um grande “speak” (apresentador).
Em 1975, comprou terras em Coxim-MS, mudando-se para lá definitivamente em 1980. Tornou-se o primeiro presidente e fundador da Associação Comercial, além de atuar como empresário, pecuarista e agricultor, sendo pioneiro no cultivo de banana e seringueira na região.
Na rádio Vale do Taquari, lançou o programa “Resgatando Valores e Pescando Talentos”, que permaneceu no ar por mais de 30 anos, sendo atualmente apresentado por Mauro André. Recebeu nomes como Zacarias Mourão, Chitãozinho & Xororó e as Irmãs Galvão. Zacarias lhe contou a história por trás da música “Pé de Cedro”, que imortalizou Coxim nacional e internacionalmente.
Teve contato com grandes nomes da música sertaneja como José Fortuna, Goiá e João Pacífico, frequentando a União de Artistas Sertanejos Paulistas em São Paulo. Geraldo também incentivou talentos locais, promovendo shows em que participaram, ainda adolescentes, João Bosco e Vinícius, a quem sugeriu que formassem uma dupla.
Em 1986, suas filhas reuniram mais de 100 poemas em ordem alfabética e o presentearam, o que deu origem ao seu livro de poesias, lançado pela primeira vez em 1997 e que já está na 5ª edição. Em 1998, assumiu uma cadeira na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e foi convidado para integrar a futura Academia Coxinense de Letras.
Ativo nas escolas, projetos culturais e causas ecológicas, foi responsável por plantar diversos pés de cedro em praças e igrejas da cidade. Criou quadros como “Criança ao pé do rádio” e sempre incentivou a participação das filhas e netos na rádio.
Mesmo afastado dos microfones, continua contribuindo com ideias e sugestões para o programa. Um homem de muitas faces — poeta, radialista, vereador, agricultor, apresentador, líder comunitário —, é lembrado com carinho por sua frase que marcou gerações: “Vamos em frente que atrás vem gente.”

 

Dona Didi 4j3w3a

Acolhedora, humilde e determinada, Dona Didi é daquelas senhoras cuja presença ilumina com ternura e sabedoria. Membro recente da Academia de Letras de Coxim, ela não apenas se destacou pela escrita, mas também deixou uma marca profunda na história da comunicação regional por meio do radioamadorismo.
Nascida em Coxim, em uma fazenda à beira da Figueira, próxima à ponte do Taquari, carrega em sua trajetória familiar o eco dos tempos difíceis. Seus bisavós morreram na retomada de Corumbá, e sua avó foi acolhida em Coxim pela professora Filomena Benevites, que mais tarde se casaria com Evaristo Rocha, telegrafista. Dona Didi é fruto dessa linhagem resiliente: filha da caçula do casal, perdeu o pai ainda pequena e foi criada sob os cuidados do irmão mais velho.
Seu pai, cidadão americano nascido na Alemanha, atravessou a América em busca de um clima quente após adoecer de beri-beri no Canadá. A viagem o levou do Alasca até Buenos Aires, Montevidéu e, por fim, ao interior do Brasil, chegando a Corumbá atraído pela promessa do ouro. Um dia, ao ir a Coxim consertar uma a, acabou sendo recrutado para montar uma ferraria recém-adquirida por três famílias locais. Como ninguém sabia operá-la, tornou-se sócio industrial e iniciou sua história na cidade, onde conheceu sua futura esposa e construiu sua família.
Dona Didi deixou Coxim aos cinco anos. Estudou em uma escola particular onde hoje é o HSBC, tendo como professores o senhor Cerejo e dona Conceição. Mais tarde foi para Campo Grande, frequentando colégios como Antônio João, Osvaldo Cruz e o Nossa Senhora Auxiliadora, antes de se mudar para São Paulo. Lá morou em pensionato, concluiu os estudos e lecionou por um ano no Colégio Auxiliadora, onde conheceu Dioraci de Castro Mascarenhas, com quem se casaria. Quando o pai adoeceu, Dona Didi retornou à terra natal para cuidar das propriedades da família, assumindo com o marido as responsabilidades pelos negócios.
Foram 29 anos vividos na fazenda Retiro Velho, onde conheceu de perto a comunidade coxinense. Lembra com carinho das festas e dos laços entre vizinhos, onde todos se tratavam como compadres e comadres. “As famílias se acolhiam, faziam confraternizações, havia carinho e respeito mútuo”, recorda. Embora reconheça que o progresso trouxe facilidades — como eletrodomésticos, energia elétrica e a substituição de antigos lampiões —, lamenta a perda daquele clima fraterno.
Foi no Retiro Velho que floresceu sua vocação para o radioamadorismo. Com incentivo do pai, estudou em Cuiabá e operava um rádio movido a motor a gasolina. A comunicação por ondas de rádio não apenas informava, mas salvava vidas. O programa “Rodada do Pantanal” transmitia notícias locais e mundiais, e os aparelhos de pilha permitiam à comunidade se manter conectada.
Ela relata episódios marcantes: uma grávida em Pedro Gomes cuja vida, e a do bebê, foram salvas graças às instruções médicas transmitidas via rádio; um menino ferido em um engenho que foi socorrido após Dona Didi contatar a ferrovia, que acionou um médico por avião; e o caso de um pai que caminhou 30 km com o filho doente em uma rede, esperando oito dias até que o transporte aéreo pudesse chegar. O rádio era, muitas vezes, a única esperança.
O radioamadorismo contava com sete aparelhos espalhados pelo estado — em locais como Três Lagoas, Pantanal, Rondonópolis, Campo Grande e Santana de Paranaíba. Quatro deles pertenciam à sua própria família: dois irmãos, uma cunhada e um cunhado também atuavam como radioamadores.
As memórias de Dona Didi também resgatam uma Coxim sem pontes, hospitais ou médicos, onde a farmácia era o recurso mais próximo de assistência. Mesmo assim, a alimentação era saudável, o ritmo era outro, e as pessoas, mais próximas. Hoje, com duas filhas morando em Campo Grande, ela escolheu permanecer na fazenda: “Não é obrigação, é vontade. Tudo é bonito aqui. Na capital é tudo corrido. Não me adapto mais.”
Sobre o mundo atual, ela reconhece avanços materiais, mas lamenta a perda de valores, sobretudo na educação. “Hoje as pessoas têm instrução, mas não formação. Educação começa ao nascer. As leis estão no papel, mas não protegem o cidadão de bem”, reflete. Desiludida com as instituições, diz não confiar mais no governo federal, marcado por escândalos morais e falta de representatividade confiável.
Dona Didi é, sem dúvida, um elo entre o ado e o presente. Com sua voz firme, seu coração generoso e sua história de coragem, ela representa um tempo em que a solidariedade era a principal rede de comunicação — e o rádio, um instrumento de vida.

Orgulhos Coxinenses

Zé Tombado: o guardião do caldo, da música e da alma coxinense 2sd13

H á mais de três décadas, quando a noite se insinua silenciosa sobre o coração de Coxim, uma chama se acende não apenas no fogão a lenha que crepita...

Zé Tombado: o guardião do caldo, da
música e da alma coxinense

6 de junho de 2025

Zé Tombado: o guardião do caldo, da
música e da alma coxinense

 

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Há mais de três décadas, quando a noite se insinua silenciosa sobre o coração de Coxim, uma chama se acende não apenas no fogão a lenha que crepita no canto de um tradicional bar, mas também na alma de uma cidade que aprendeu a encontrar, no simples e no generoso, um pedaço de si mesma.
Ali, na região central do município, entre ruas que guardam histórias do ciclo do ouro, dos antigos tropeiros e das batalhas que marcaram a formação do Estado, José Alves de Oliveira — ou, como todos carinhosamente o conhecem, “Zé Tombado” — mantém viva uma das tradições mais singelas e, ao mesmo tempo, mais potentes que essa terra conhece: o preparo do caldo servido gratuitamente às quartas e sextas-feiras, um ritual que, há mais de 30 anos, aquece corpos e almas.
Coxim é terra de águas generosas, com seus rios Coxim, Taquari e Jauru, que, desde os tempos coloniais, foram rotas de navegadores, bandeirantes e comerciantes. É também um reduto da cultura pantaneira, marcada pela rusticidade, pela hospitalidade e pela música que eterniza o amor pela natureza e pelos costumes locais. E é nesse caldo cultural, forjado ao longo dos séculos, que o bar de Zé Tombado se insere, como mais uma vertente viva da tradição coxinense.
Zé Tombado carrega no rosto o traço dos que aprenderam a envelhecer com serenidade e, nas mãos, a força dos que, silenciosamente, constroem cultura. Às 13 horas, quando a lenha começa a estalar, ele dá início ao preparo do caldo de feijão branco, reforçado com carne, ossinho e legumes, que vai ganhando consistência, aroma e alma, até alcançar o ponto ideal, servido sempre a partir das 21h30.


O que antes era apenas um gesto para agradar amigos íntimos se transformou, com o ar do tempo, em um verdadeiro reduto cultural de Coxim. O bar de Zé Tombado transcendeu as paredes de tijolos e madeira, transformando-se em um ponto de encontro obrigatório, onde se respira a essência da cidade.
Hoje, é impossível vir a Coxim e não visitar o bar de Zé Tombado. O lugar se consolidou como um símbolo da cultura coxinense, não apenas pelo caldo saboroso que exala do fogão a lenha, mas, principalmente, pelo que ele representa: música de raiz, conversas demoradas, amizades sinceras e um clima familiar que acolhe a todos, sem distinção. Ali, sob a sombra de árvores antigas e ao som de modas de viola, revive-se um pedaço da tradição pantaneira, onde o homem e a natureza se fundem numa mesma identidade.
Frequentado por toda a cidade, o bar é uma síntese democrática: da autoridade ao boêmio, do caminhoneiro ao poeta, do jovem ao mais velho, todos se reúnem em torno da mesma mesa invisível, sob o mesmo teto de estrelas, comungando de uma tradição que não pede nada em troca — apenas respeito, presença e um prato limpo ao final.
A generosidade de Zé Tombado é um traço que o distingue: apesar de não cobrar pelo caldo e viver da venda de bebidas, mantém apenas uma caixinha de colaboração, para quem quiser, espontaneamente, contribuir. Muitos já o aconselharam a cobrar pela refeição, mas ele, firme, repete o que aprendeu com a própria vida: “Nunca cobrei, e não vai ser agora que vou cobrar.”


O apelido, esse, nasceu de uma dessas agens que a cidade transforma em anedota. Depois de uma noite animada, Zé estacionou seu Opala na antiga feira de Coxim, comeu um espetinho e, vencido pelo sono, adormeceu no banco do carro. Os amigos, que não deixavam ar uma boa oportunidade de brincar, apelidaram-no de “Zé Tombado” — um nome que virou sobrenome afetivo e que, hoje, é sinônimo não apenas de um homem, mas de um modo de viver.
Mais do que um bar, o espaço de Zé Tombado é um patrimônio imaterial de Coxim. É um lugar onde a cultura se preserva e se atualiza, onde os laços comunitários se estreitam e onde o tempo parece correr diferente — com menos pressa, com mais sentido.
Numa cidade cuja história remonta aos idos do século XVIII, com a instalação de fazendas e fortificações militares, Coxim carrega em si a herança das bandeiras paulistas e a resistência dos povos originários, cuja presença moldou a paisagem física e cultural da região. O bar de Zé Tombado, inserido nesse contexto, representa uma continuidade dessa tradição de hospitalidade e resistência, marcada pela solidariedade, pela celebração da comida como um bem coletivo e pela manutenção das relações comunitárias.
Em tempos de modernização e urbanização acelerada, o bar se mantém como um dos poucos espaços onde ainda se pode experimentar, de maneira autêntica, o calor humano e o sentido comunitário que são marcas profundas da cultura do interior brasileiro.


Numa época marcada pela velocidade das redes, pela frieza dos algoritmos e pelo isolamento urbano, o bar de Zé Tombado permanece como um refúgio caloroso, onde o que vale não é o quanto se tem, mas o quanto se compartilha. A lenha que queima no fogão é a mesma que mantém acesa a chama da tradição, e o caldo que se serve é também memória líquida de uma cidade inteira, que ali se reconhece e se celebra.
E assim, semana após semana, a cidade segue se reunindo em torno do fogão e do homem que, com sua simplicidade, transformou o cotidiano em lenda. Para os que chegam, há sempre um prato de caldo quente, um sorriso aberto, uma música que embala e uma certeza: em Coxim, o bar de Zé Tombado é mais que um destino — é um ritual de pertencimento.
Que siga, por muitos anos ainda, tombado na memória da cidade — não como quem caiu, mas como quem, há muito tempo, ergueu um dos pilares mais autênticos da cultura e da história coxinense.
Salve, Zé Tombado!
 

Cultura

Orgulhos Coxinenses: Ivanildo José e Noêmia Serrou Camy 323l2d

Ivanildo José da Silva - Ivan Há trajetórias que se constroem silenciosamente, pedra sobre pedra, até que, um dia, se tornam marcos incontornáveis de uma...

Orgulhos Coxinenses: Ivanildo José e Noêmia Serrou Camy

30 de maio de 2025

Orgulhos Coxinenses: Ivanildo José e Noêmia Serrou Camy

 

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Ivanildo José da Silva - Ivan 1u283g

Há trajetórias que se constroem silenciosamente, pedra sobre pedra, até que, um dia, se tornam marcos incontornáveis de uma comunidade. A vida de Ivanildo José da Silva é uma dessas histórias, onde o amor pelas artes, pela cultura e pela educação se entrelaçam numa tessitura que não se desfaz.
Natural de Coxim, cidade do interior de Mato Grosso do Sul, Ivanildo percorreu os corredores da Escola Pedro Mendes Fontoura desde a infância até o fim da adolescência, onde, entre livros e sonhos, começou a germinar a vocação que o levaria a se tornar uma das mais destacadas figuras no campo das artes cênicas e dos estudos literários da região.
Graduou-se em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde deu início à sua formação acadêmica sólida e multifacetada. Não se limitou às paredes da sala de aula: participou ativamente de projetos de pesquisa, ensino e extensão, que o prepararam para atuar com excelência como professor e pesquisador. Muito antes do diploma, sua identidade profissional já se anunciava na prática cotidiana da educação e da cultura.
Entre 2009 e 2011, assumiu a presidência da Fundação Professora Clarice Rondon dos Santos (FUNRONDON), uma instituição voltada para o fomento das manifestações culturais em diversas linguagens: teatro, música, dança, cinema, pintura, escultura. Sua gestão não apenas fortaleceu esses setores, mas deixou um legado de projetos e ações que marcaram a cena cultural de Coxim. Simultaneamente, sua participação no Conselho Municipal de Cultura reafirmou seu compromisso político e social com a arte como um direito e uma necessidade.


Mas é no teatro que Ivanildo se revela por completo: como diretor da Escola Estadual Pedro Mendes Fontoura, entre 2012 e 2014, conduziu montagens memoráveis, como Pluft, o fantasminha, de Maria Clara Machado, e As alegres senhoras de Herculânea, de Wagner Rondora, uma ode às memórias e lendas de sua cidade natal.
O compromisso com o palco expandiu-se para a pesquisa. Em 2014, publicou Pelo buraco da fechadura: identidade cultural em O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues, uma obra que nasce de sua dissertação de mestrado e que oferece uma leitura aguda da dramaturgia rodriguiana, reconhecida como um dos pilares do teatro brasileiro moderno. Não por acaso, suas investigações e reflexões o levaram a congressos e simpósios dentro e fora do país Brasil, Argentina, Uruguai onde difundiu o legado de Nelson Rodrigues, Plínio Marcos e Henrik Ibsen, nomes que também moldaram sua própria trajetória intelectual.
O percurso acadêmico prosseguiu com o doutorado em Letras pela UNESP, em São José do Rio Preto, onde entre 2017 e 2019 aprofundou seus estudos dramatúrgicos, debruçando-se sobre clássicos como Casa de Bonecas, de Ibsen, e A Dança Final, de Plínio Marcos. O rigor e a paixão pelo teatro transformaram-no em referência nos estudos de literatura dramática.


Mas Ivanildo é, acima de tudo, um homem de ação. Desde 1997, integra o Grupo Teatral Coxinense, coletivo com o qual criou e apresentou espetáculos que celebram e questionam a cultura sul-mato-grossense. Entre esses trabalhos, destaca-se  Na rodagem dos Tocos, também de Wagner Rondora, que aborda o processo de ocupação do Vale do Taquari e que foi premiado no Festival Sul-Mato-Grossense de Teatro, evidenciando a força criativa e crítica do grupo.
Na UFMS, além de docente, coordenou o curso de Letras entre 2020 e 2023, liderando importantes projetos que unem ensino, pesquisa e extensão. Projetos como Melhor Idade em Cena: o teatro na promoção da saúde do idoso e Teatro em Rede: conexões culturais em Literatura dramática mostram sua crença inabalável no teatro como ferramenta de inclusão e transformação social. A experiência também se estendeu ao Inverteatos Cia Teatral, iniciativa voltada para a formação de novos artistas e para a difusão do teatro junto à comunidade de Coxim e região.


Entre as curiosidades de sua trajetória, consta a aprovação em concurso para o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), campus de Aquidauana, em 2014. Contudo, optou por permanecer na UFMS, onde segue sua missão acadêmica e artística, deixando sua marca indelével na instituição.
Ivanildo também é membro ativo do Grupo de Pesquisa Ícaro (CNPq) e do GT Dramaturgia e Teatro da ANPOLL, reafirmando seu papel como intelectual engajado na cena nacional de estudos literários e teatrais.
Fora dos palcos e das salas de aula, cultiva outro espaço de desafio e superação: o crossfit, prática à qual se dedica com o mesmo entusiasmo e disciplina que marcam todas as suas empreitadas.
A trajetória de Ivanildo José da Silva é um testemunho vivo de que a arte, a educação e a cultura podem e devem caminhar juntas. Mais do que um professor, pesquisador ou artista, ele é um agente de transformação, alguém que soube conjugar talento e compromisso para fazer do teatro, da palavra e da ação instrumentos poderosos de mudança social e afirmação cultural. Por tudo isso e toda sua dedicação ao teatro e suas extensões você é um orgulhoso Coxinense Ivanildo José, ou simplesmente Ivan.

  2h203m

 

 

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Há vidas que, mesmo após o silêncio derradeiro, seguem vibrando na memória das cidades, como rios que jamais cessam sua correnteza. Assim é Noêmia Serrou Camy de Araújo mulher de alma generosa, presença delicada e força ancestral, que moldou sua existência com a mesma firmeza e beleza com que o seu avô, Jean Serrou Camy, moldava a madeira das igrejas e casarões.
Nascida em 14 de maio de 1931, no berço sólido e simbólico da Fazenda São Pedro, onde histórias e destinos se entrelaçam como galhos de uma mesma árvore frondosa, Noêmia foi a sexta flor entre doze irmãos. Desde cedo, aprendeu a ser raiz e abrigo, sustentáculo de uma família vasta, descendente de pioneiros que desbravaram terras e corações.
Casou-se com Ênnio de Araújo e, juntos, semearam novas vidas, ampliando a árvore genealógica que perfuma e enriquece a história de Coxim. Mas foi além da vida doméstica que Noêmia desenhou sua marca: com mãos habilidosas e espírito incansável, atuou como professora, tabeliã, conselheira e amiga, tornando-se, para muitos, um porto seguro onde repousar a confiança.


Sua casa era um espaço de acolhida e calor, onde, nas férias escolares ou nas festividades como a Festa do Divino, a alegria se espalhava entre risos e as fumegantes, costurando memórias em bordados invisíveis, tecidos com afeto. Noêmia sabia das coisas simples e essenciais: cozinhar, ouvir, aconselhar, contar histórias, trançar cabelos e destinos.
Católica fervorosa, foi ponte entre a tradição e a renovação, trazendo a espiritualidade carismática para sua cidade natal, sem jamais perder a doçura e a firmeza. Ao lado da devoção, sempre esteve o compromisso com os mais humildes  quem precisasse, encontrava nela uma mão estendida, uma palavra que aquecia.
Na praça, nos bailes, nos aniversários ou nos encontros à beira do rio, sua presença era luz discreta, mas indispensável. E mesmo na lida do cartório, onde a precisão era regra, sabia deixar impressa a ternura: ensinou datilografia e caligrafia, como quem ensina não apenas um ofício, mas um modo de ser.


Partiu aos 64 anos, no dia 26 de outubro de 1995, mas não partiu de fato: permanece onde sempre esteve, na alma da cidade, agora eternizada na praça que leva seu nome, margeando o Taquari, entre as ruas que guardam a memória dos que, como ela, edificaram Coxim com gestos silenciosos e corajosos.
Ali, na Praça Noêmia Serrou Camy de Araújo que o povo carinhosamente chama de Praça do Flutuante , sua história segue viva, misturada à brisa que sopra sobre as águas, aos os apressados ou contemplativos de quem ali a, talvez sem saber que pisa sobre solo sagrado, regado por uma vida que soube ser semente, tronco e flor. Noêmia é, e sempre será, mais que um nome gravado numa placa: é poesia entranhada nas raízes de uma cidade, é memória que canta no coração de quem ama Coxim.


 

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